quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Violência e educação


          A idéia de que a escola é um espaço marcado pela produção da violência é equivocada e no mínimo exagerada. A violência, em geral, vem de fora da escola, produzida socialmente. Os atos que causam comoção na sociedade, felizmente, são estranhos ao cotidiano das escolas e escora-se em uma dada cultura de violência que percorre escalas crescentes em extensão e profundidade. Pequenas agressões, ataques ao patrimônio público e agressão à vida. 
            A base da violência é o desprezo pela vida alheia provocada pela necessidade de derrotar o outro constantemente. A radicalização dos valores competitivos é a raiz da violência. Competir e vencer, se dar bem a qualquer preço, buscar a vitória pessoal é a principal palavra de ordem da sociedade contemporânea. Solidariedade, cooperação, respeito ao outro são valores estranhos e até ridicularizados pela lógica da competição e do individualismo exacerbado. Talvez seja a escola um dos últimos espaços onde ainda se encontre compromissos de práticas de valorização da cultura da cooperação, da solidariedade e dos valores humanizastes. 
            Mas a escola é permanentemente assediada pelos princípios da competição e da superação do outro. Tenta-se reduzir a formação à aquisição de habilidades técnicas em língua portuguesa e em matemática, ou ao treinamento de algumas competências específicas. Sem negar a validade destas aquisições, é preciso registrar a sua insuficiência para a formação integral da pessoa. 
            A concepção pedagógica de formação integral pressupõe a formação de um indivíduo que conhece a sua história, o seu contexto cultural, as suas responsabilidades e os seus direitos como cidadão e como pessoa. Formar um cidadão interativo, competente e hábil no convívio humano é essencial para a formação de uma cultura de paz, de respeito ao outro e de apreço pela vida. Por isso a educação não pode se restringir ao português e à matemática; têm que ser integral, abrangendo todos os campos conhecimento, inclusive aqueles que contribuem para a construção do cidadão de direitos e deveres. Por isso, também, é insuficiente avaliar a educação por resultados quantitativos nas áreas de português e matemática, pois notas boas na escola não impediram a chacina do Rio de Janeiro, e habilidades técnicas não obstaram o atropelamento dos ciclistas em Porto Alegre. 
            Por tudo isso, a Secretaria Estadual da Educação está criando os Comitês Comunitários de Prevenção à Violência na Escola, em âmbito estadual, regional e local. Estamos reunindo governo, entidades da sociedade e comunidade escolar numa grande mobilização pelo combate e prevenção à violência. Buscaremos, de forma integrada, melhor conhecer os contextos que podem desencadear ações violentas e, assim, definir políticas públicas que de fato dialoguem com os anseios das comunidades e contribuam para a difusão de uma cultura de paz em nossas escolas. 

Jose Clovis de Azevedo 
Secretário de Estado da Educação - Rio Grande do Sul

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