O que é a mordida?
É uma forma ou recurso de expressão natural da criança e que faz parte da descoberta de seu corpo. É sinal de que algo acontece no seu mundo interno. Refere-se a uma fase passageira, entendida como um modo de testar suas próprias sensações e sua capacidade de se comunicar no convívio social.
Por que acontece?
A criança entre 1 a 3 anos encontra-se na fase oral, isto é, descobre, sente e busca o prazer através da boca, não tendo noção nem controle sobre o ato de morder, sendo uma experiência para ela. Através da mordida, a criança pode expressar alguns problemas de ordem emocional ou comportamental, mas também vivenciar aprendizagem de causa e efeito; testar reações do adulto frente a suas ações; ser uma descarga ou escape de suas tensões por não conseguir administrar, verbalizar nem manifestar adequadamente os sentimentos, como: raiva, alegria, frustrações, ciúmês, insegurança, medo, disputa. Pode ainda acontecer devido à falta de atividade e orientação escolar. Por ser “puro movimento”, a criança ociosa facilmente busca algo que lhe satisfaça, mesmo que seja batendo, empurrando ou mordendo o outro.
E se for frequente?
Pode indicar um comportamento de defesa inadequado que foi condicionado e aceito, por não ter sido repreendido pelo adulto. Por vezes, a mordida aparece como reação à disciplina autoritária ou violência familiar às quais a criança se encontra exposta. A frequência desse ato – inclusive se morder sempre uma mesma criança – serve de alerta aos educadores; pode revelar uma agressividade que requer a ajuda de um profissional especialista em comportamento infantil.
O que fazer?
Compete ao educador uma intervenção imediata, mas sem discurso. A limitação precisa ser expressa firmemente e de modo objetivo, ou seja: a qualidade da comunicação é mais importante do que a quantidade. É importante relacionar a mordida com situações concretas, como: o uso do espelho para reconhecimento da boca e dos dentes e para que eles servem; incentivar a mastigação de alimentos sólidos que exijam esforço da arcada dentária; uso de histórias e brinquedos (bonecos, fantoches) que facilitem o processo de identificação-projeção, isto é, a criança (se reconhece, se “vê”) se identifica com o personagem que morde ou sofre a mordida na história. Atitude do educador: agir com paciência e carinho, mas ao mesmo tempo firme, “olho no olho”, usando palavras essenciais: “morder dói”; “o amigo não gostou”.
*Texto coletivo elaborado pelas educadoras da Escola de Infância Experimental Integrado, a partir de pesquisa e da experiência profissional de cada uma delas. São João da Boa Vista, Maio/2011.
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