sábado, 17 de setembro de 2011

Dar limites não é ser autoritário

Leia o livro: Limites Sem Trauma – Tânia Zaguri

Algumas pessoas acham que dar limites aos filhos é uma questão de opção, mas essas pessoas não sabem que há uma progressão de problemas que podem derivar da falta de limites.
Ao contrário do que parece, educar uma criança é um processo muito, muito complexo, com situações totalmente inesperadas para a maioria dos pais, que nem sonhavam em ter tanto trabalho, todo dia, todas as horas do dia.
De maneira geral, a criança não aceita logo nem as explicações que a nós, adultos, nos parecem as mais claras, límpidas e, portanto, as mais simples de serem atendidas imediatamente – muito pelo contrário, às vezes você repete anos a fio um mesmo e simples objetivo até alcançá-lo -, o que ocorre é que, ao ouvir falar em limites, muita gente interpreta logo como licença para exercer uma postura autoritária, de controle total ou até violência... Realmente é difícil saber quando acaba a autoridade e quando começa o autoritarismo.
Para ajudar, lembre: autoritário é aquele (a) que exerce o poder utilizando como referencial apenas o seu ponto de vista (que é sempre visto como o único correto), a força física ou o poder que lhe confere sua posição ou o cargo que ocupa, nunca levando em conta o que o outro deseja ou pensa. Também poucas vezes age em prol do bem do outro, o que conta o mais das vezes é o seu próprio interesse. Assim, um pai ou uma mãe autoritário(a) é aquele(a) que não deixa o filho entrar na sala porque naquele dia ele(a) está de mau humor, mas num outro, de bem com a vida, não só permite como até exige a presença do menino...
O pai ou mãe que tem autoridade, por outro lado, ouve e respeita seu filho, mas pode, por vezes, ter de agir de forma mais dura do que gostaria, às vezes até impositivamente, mas sempre o objetivo será o bem-estar do filho, protegê-lo de algum perigo ou orientá-lo em direção à cidadania.
O que queremos mostrar aqui é que, se agirmos com segurança e firmeza de propósitos, mas com muito afeto e carinho, poderemos atingir nossos objetivos educacionais sem autoritarismos. 
Assim:

DAR LIMITER É:

  1. Ensinar que os direitos são iguais para todos;
  2. Ensinar que existem outras pessoas no mundo;
  3. Fazer a criança compreender que seus direitos acabam onde começam os direitos dos outros;
  4. Dizer “sim” sempre que possível e “não” sempre que necessário;
  5. Só dizer “não” aos filhos quando houver uma razão concreta;
  6. Mostrar que muitas coisas podem ser feitas e outras não podem ser feitas;
  7. Fazer a criança ver o mundo com uma conotação social (con-viver) e não apenas psicológica (o meu desejo e o meu prazer são as únicas coisas que contam);
  8. Ensinar a tolerar pequenas frustrações no presente para que, no futuro, os problemas da vida possam ser superados com equilíbrio e maturidade (a criança que hoje aprendeu a esperar sua vez de ser servida à mesa amanhã não considerará um insulto pessoal esperar a vez na fila do cinema ou aguardar três ou quatro dias até que um chefe dê um parecer sobre sua promoção);
  9. Desenvolver a capacidade de adiar satisfação (se não conseguir emprego hoje, continuará a lutar sem desistir ou, caso não tenha desenvolvido esta habilidade, agirá de forma insensata e desequilibrada, partindo por exemplo, para a marginalidade, o alcoolismo ou a depressão);
  10. Evitar que seu filho cresça achando que todos no mundo têm de satisfazer seus mínimos desejos e, se tal não ocorrer (o que é o mais provável), não conseguir lidar bem com a menor contrariedade, tornando-se, aí sim, frustrado, amargo, ou, pior, desequilibrado emocionalmente;
  11. Saber discernir entre o que é uma necessidade dos filhos e o que é apenas desejo;
  12. Compreender que direito à privacidade não significa falta de cuidado, descaso, falta de acompanhamento e supervisão às atividades e atitudes dos filhos, dentro e fora de casa;
  13. Ensinar que a cada direito corresponde um dever e, principalmente...
  14. Dar o exemplo (quem quer ter filhos que respeitem a lei e os homens tem de viver seu dia-a-dia dentro desses princípios – ainda que a sociedade não tenha apenas indivíduos que agem dessa forma)!

DAR LIMITER NÃO É:

  1. Bater nos filhos para que eles se comportem (quando se fala em limites, muitas pessoas pensam que significa aprovação para bater);
  2. Fazer só o que vocês, pai ou mãe, querem ou estão com vontade de fazer;
  3. Ser autoritário (dar ordens sem explicar o porquê, agir de acordo apenas com seu próprio interesse, da forma que lhe aprouver, mesmo que a cada dia sua vontade seja inteiramente oposta à do outro dia, por exemplo);
  4. Deixar de explicar o “porque” das coisas, apenas impondo a “lei do mais forte”;
  5. Gritar com a criança para ser atendido;
  6. Deixar de atender às necessidades reais dos filhos, porque você está cansado (a);
  7. Invadir a privacidade a que todo ser humano tem direito;
  8. Provocar traumas emocionais (toda criança tem capacidade de compreender um “não” sem ficar com problemas, desde que, evidentemente, este “não” tenha razão de ser e não seja acompanhado de agressões. O que provoca traumas e problemas emocionais é, em primeiro lugar, a falta de amor e carinho, seguida de injustiça, violência, humilhação e desrespeito a criança).

COMO DISCIPLINAR?

  1. Premiando ou recompensando o bom comportamento;
  2. Entendendo que premiar não é obrigatoriamente “dar coisas materiais”;
  3. Fazendo com que a criança assuma as conseqüências dos seus atos (positivos ou negativos);
  4. Cumprindo e fazendo cumprir as regras;
  5. Tendo em mente que COERÊNCIA, SEGURANÇA, JUSTIÇA e IGUALDADE são imprescindíveis.

POR ISSO, PARA QUE VOCÊ NÃO PERCA A AUTORIDADE AO DISCIPLINAR...

  1. Cumpra o que disse (seja prêmio ou conseqüência);
  2. Seja coerente;
  3. Faça com que seus filhos gradualmente assumam responsabilidades;
  4. Cuidado com o que você diz e o modo como diz.

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