quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A APRENDIZAGEM E O PAPEL DO PROFESSOR NO USO DA INTERNET

            A escola é um espaço privilegiado para a apropriação e construção de conhecimento. Seu papel fundamental é instrumentalizar estudantes e professores para pensar de forma criativa em soluções tanto para os antigos como para os novos problemas emergentes desta sociedade em constante transformação e renovação. O que sempre preocupou foi o fato de que muitas escolas entravam na onda do mercado, mas não estavam capacitadas para utilizar de forma adequada a tecnologia proposta. Como disse Marshall McLuhan, o visionário das comunicações dos anos 60, "as novas tecnologias são sempre utilizadas para fazer um trabalho velho - isto é, até que alguma força direcionadora faça com que elas sejam utilizadas de novas maneiras. Hoje existem computadores nas escolas, mas isso não garante que a aprendizagem tenha mudado significativamente. A chave não é qual tecnologia está disponível na sala de aula, e sim como ela é utilizada."O uso do computador como ferramenta educacional passou por várias fases. Inicialmente, as escolas ensinavam informática, formando indivíduos para trabalhar com o computador. Depois surgiram os softwares educativos baseados no trabalho behavorista, como o de Skinner, ajudando na instrução por meio de exercício e prática; nesse caso, a tecnologia foi relegada a um papel secundário e suplementar, não conseguindo capitalizar seus verdadeiros potenciais.
            Hoje a visão acerca do aprendizado de informática avançou; surgem os softwares de autoria para que professor e aluno lancem mão da tecnologia para ajudar no desenvolvimento de suas habilidades, além de passar, assim, a manipular e produzir seus projetos utilizando a multimídia. A fase por que atualmente estamos passando confirma que a educação é um campo fértil para o uso da internet. No entanto, embora sua principal função seja favorecer e agilizar a comunicação, seu uso não pode ser limitado, especialmente no caso do ensino, à transmissão de informações; é importante descobri-la como recurso para construir conhecimento.Infelizmente alguns professores utilizam as ferramentas computacionais apenas porque estão sendo pressionados pela sociedade e se sentem ameaçados. Contudo, sabemos que muitos deles não mudam a forma de ensinar; continuam trabalhando de forma tradicional com um discurso e instrumento moderno.Devido às constantes mudanças na sociedade, há necessidade de se repensar e revolucionar a escola sobre bases totalmente novas, descobrir maneiras de se apropriar socialmente das novas tecnologias. As instituições educacionais devem rever seu modelo de ensino-aprendizagem a fim de atender às demandas dos estudantes.A internet é fato e deve ser trabalhada, não como novidade e fonte inesgotável de informação, mas como ferramenta que pode potencializar a aprendizagem, o que acontece quando o estudante manipula e transforma a informação, compartilhando, então, o resultado.
            A maior parte do conhecimento de um indivíduo é construída socialmente. No diálogo as crianças adquirem uma compreensão própria das experiências. Isso também ocorre com os adultos. Peter Senge, teórico da organização do aprendizado, argumenta enfaticamente que aprender dentro de organizações tende a ocorrer em equipe.No livro "Geração Digital", de Don Tapscott, ele comenta o fato de que a geração N-Gen, isto é, geração Net, já utiliza essa tecnologia como parte de sua cultura; os adultos, entretanto, que são de uma "geração da televisão", ainda têm que conhecer muito esse novo modo de comunicação. As famílias estão se conectando à internet da mesma maneira que as gerações anteriores se ligaram na televisão. Isso pode favorecer a amizade entre seus membros e, se a utilização da internet é bem administrada pelo pais, pode criar uma unidade familiar mais franca, consensual e eficaz.Não podemos esquecer que, há algum tempo atrás, a internet não tinha tecnologia para ser um recurso interativo. Agora temos condição de desenvolver ambientes que possam propiciar mais trocas de informação e facilitar a participação de alunos e professores nesse processo.
Hoje se exige dos educadores qualificação que não se limite ao conhecimento curricular básico da educação formal, mas que se estenda envolvendo conhecimento geral, profundo e atualizado sobre todo o universo humano e tudo o que a ele diz respeito.Somente um professor envolvido nesse espírito de aprendizagem pode atuar nos chamados ambientes de aprendizagem colaborativa, que não deixam de ser uma forma de educação a distância.
            A interação virtual abre horizontes e faz que o aprendizado torne-se contínuo e crescente. Para que isso aconteça, professor e aluno devem ter clareza dos objetivos que desejam atingir e de todo o processo de investigação. Deverá existir grande interesse de ambas as partes, para que o aluno possa sempre se aprimorar e contribuir e o professor possa ser um facilitador, um tutor e, principalmente, um colaborador.Nessa perspectiva, a escola tem que repensar o seu papel. Philippe Perrenoud, em seu livro "10 Novas Competências para Ensinar", afirma ser importante passar de uma escola centrada no ensino (suas finalidades, seus conteúdos, sua avaliação, seu planejamento, sua operacionalização sob forma de aulas e de exercícios) a uma escola centrada não no aluno, mas nas aprendizagens. O ofício do professor redefine-se: mais do que ensinar, trata-se de fazer aprender.As novas tecnologias podem reforçar a contribuição dos trabalhos pedagógicos e didáticos contemporâneos, pois permitem que sejam criadas situações de aprendizagem ricas, complexas, diversificadas, por meio de uma divisão de trabalho que não faz mais com que todo o investimento repouse sobre o professor, uma vez que tanto a informação quanto a dimensão interativa são assumidas pelos produtores dos instrumentos.Um desenvolvimento importante no pensamento atual sobre educação é que agora reconhecemos a necessidade de os alunos desenvolverem habilidades de aprendizagem por toda a vida. A internet é um mecanismo ideal para incentivar os alunos a assumirem responsabilidades pelo seu próprio aprendizado. Tendo a oportunidade de acessar recursos de aprendizagem nela, os alunos tornam-se participantes ativos na busca pelo conhecimento.
            Como diz o professor José Manuel Moran, "É uma concepção de aprender de forma cooperativa e não competitiva. A aprendizagem estava muito voltada para conseguir notas, ver quem chegava primeiro. Dentro dessa visão - que não se dá apenas com a tecnologia, mas também na sala de aula comum -, a proposta é colocar a interação na prática".

                                                             Colaboração: Maurício Gebran

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