sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Agressividade Infantil


         As crianças, assim como os adultos, têm uma força motora para a ação. Toda ação, seja para empreender ou para destruir, requer energia para sua consecução; tal energia representa a agressividade.
         Normalmente esta é entendida como sendo apenas um impulso destrutivo, tendo toda uma conotação negativa. Porém, a agressividade é espécie de energia a qual pode ser dirigida de forma negativa ou positiva, sendo esta última a força empreendedora para a vida e para o trabalho, enquanto a primeira tem cunho mais primário e instintual. 0 nível de agressividade varia de pessoa para pessoa, cabendo-nos discutir um pouco sobre os fatores determinantes dessa variação, já que a agressividade infantil é o nosso assunto principal.
         Sabemos que a infância, principalmente os cinco, seis primeiros anos de vida, são vitais para a estruturação e desenvolvimento da personalidade saudável. Um ambiente tranqüilo, de amor e seguro é fator determinante para formação do ser humano, é terreno sólido onde a criança pisa e não ameaça ruir. Nesse sentido, pais que lidam com a criança de forma clara e expressiva, ou seja, sem mensagens (implícitas ou explícitas) dúbias e incoerentes com o que se quer, pensa ou sente, propiciam muita solidez.
         No processo de educação, a imposição de limites e a liberdade estão constantemente se conflitando. Quem de nós não se perguntou: a medida está exata?      A medida exata realmente não existe, mas cabe aos pais e a nós, diretamente envolvidos na educação de inúmeras crianças, buscarmos a proximidade do equilíbrio, pois qualquer extremo é perigoso. Tanto o educador omisso, que não impõe limites aos desejos infantis, pode gerar agressividade negativa; quanto aquele que não "dá vez nem voz" à criança. No primeiro caso, a criança é habituada a ser satisfeita e quando frustrada, tende a agir de forma negativamente agressiva para obter o que quer, pois não aprendeu a solucionar conflitos e nem a lidar com perdas. 0 adulto passa a viver sob a tirania da própria criança, tendo que atender até mesmo seus caprichos. Caso contrário, gera "birras" incomensuráveis, no mínimo. No segundo caso, quem vive sob a tirania é a criança", suas manifestações, expressões e ações são limitadas. Seu poder de ação é muito restrito. Assim, sua agressividade positiva ou negativa fica represada, gerando insegurança, receio e mágoa. É uma relação de poder, em que se põe a criança do lado mais fraco e se oprime seu potencial para falar, construir, criar etc. Daí então, quando não mais suporta a sobrecarga de energia represada, descarrega. Usando sua agressividade de forma negativa, tem a oportunidade de sair da passividade que lhe é imposta pelas limitações. Sua debilidade se transforma em força para bater, morder, atacar. Vale ressaltar que não estamos nos referindo àquelas brigas comuns na escola, nas quais há disputa por brinquedos e uma grande concentração de crianças. Nessa fase, é mais comum a criança dirigir sua agressividade de forma violenta para resolver os conflitos, porque não dispõe de um recurso fundamental, que é o diálogo, pela própria limitação da linguagem. 0 que vai representar o indício de que algo não vai bem é a freqüência com que tais episódios acontecem.
         Na escola, deparamos com crianças vindas de famílias totalmente diferentes, muitas, inclusive, vindas de meios extremamente hostis. Cabe à escola fazer a sua parte: ao invés de reprimir a agressividade da criança, não dando espaço para expressão da criatividade e nem para discussão de temas como a própria violência; deve orientá-la, usar sua agressividade para desenvolver seu potencial criativo de forma saudável.
         Em síntese, o processo de educação mais eficaz é aquele em que não se reprime a iniciativa da criança e se estimula mecanismos saudáveis de busca dos seus objetivos, impondo os limites básicos para o processo de socialização, ética e moral.

Patrícia Landim - Psicóloga 

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