Incentivar a participação dos alunos trazendo o tema para dentro de seu cotidiano pode ajudar nas aulas de Matemática Foto: Getty Images |
Muitos alunos costumam olhar torto para boa parte das disciplinas escolares. Porém, a campeã de lamentações fica para as Ciências Exatas, especialmente a Matemática. Muitos alunos se perguntam: "No que usarei tantos números em minha vida?". Não ver a utilidade da matéria prejudica o aluno. Então, como contornar o problema?
As professoras Ana Firpo e Cândida Alves têm várias soluções para a questão. Elas são autoras do livro de Matemática da coleção Cem Aulas Sem Tédio. A ideia de fazer a obra veio a partir de uma atividade realizada no Colégio Farroupilha, em Porto Alegre, sobre o salário mínimo. A lição mexeu com os estudantes, que estudaram também a história da medida e de quanto valia o salário quando foi criado. "A gente sempre contextualiza o conteúdo", explica Ana sobre o segredo de suas aulas atraentes.
Um trabalho interdisciplinar com outras matérias pode ser um truque muito útil. Ana lembra-se de um projeto com os professores de artes, com os quais os alunos fizeram mosaicos. "Procuramos aliar propostas", afirma a professora, já que os mosaicos são adequados para estudar polígonos.
"Os alunos acham que a Matemática está bem distante da vida, mas não é verdade", considera. Uma das maneiras é trazer o tema para dentro do cotidiano deles, como é o caso da mesada. Nesta aula, os estudantes tiveram que listar todos os gastos e avaliar as consequências de guardar certas quantias. Outro exercício, esse relacionado a paralelas e transversais, foi propor que os estudantes fizessem uma maquete com as ruas de parte do seu bairro.
Entre as 100 atividades do livro, são contempladas aulas de diversas áreas da Matemática. De álgebra, são trabalhados áreas e perímetros. "Relacionamos, por exemplo, a área dos menores países do mundo aos parques de Porto Alegre", conta. A aritmética está em quase todas as atividades, já que tem a ver com números em geral, mas Ana destaca as lições sobre frações, tratadas em receitas de culinária. Ali a turma aumenta ou reduz a receita, trabalhando aspectos de proporcionalidade. Na geometria, atividades como a dos mosaicos são bem-vindas.
Apesar do esforço em tornar as aulas atraentes, no começo as professoras sofriam resistência por parte dos alunos quando elas propunham lições menos tradicionais. "Por que eu tenho que fazer isso?", era uma pergunta frequente, especialmente quando eles eram obrigados a ler um texto antes de começarem os cálculos. "A Matemática também precisa de interpretação", argumenta Ana. Mas ela explica que agora eles já internalizaram a necessidade da leitura antes do exercício. "Ainda assim, é um trabalho árduo até hoje", diz.
A professora lembra que não dá para fugir das aulas tradicionais, tão necessárias para a explicação dos conteúdos. Porém, além de deixar o ambiente descontraído e os alunos interessados, a proposta é mais que isso. "Pode-se desenvolver no estudante algumas habilidades. Ele aprende a se posicionar, a criticar, o que sempre é positivo".
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