sábado, 30 de julho de 2011

"Toda mudança gera insegurança"

  Nem sempre é fácil lançar-se ao novo. Experienciar o desconhecido é deixar aflorar sentimentos que podem gerar prazer ou desconforto. Nesse período é importante que família e escola trabalhem em parceria - por Madeleine Ramos de Oliveira e Godoy*
  Desconheço o autor da expressão "toda mudança gera insegurança", mas com certeza é o que acontece com a maioria das pessoas frente a novas situações, sejam crianças, adolescentes ou adultos. Nem sempre é fácil lançar-se ao novo. Experienciar o desconhecido é deixar aflorar sentimentos que podem gerar prazer ou desconforto dentro de um mesmo contexto.

  Sabemos que o período de adaptação é muito importante para os alunos, sejam os que estão frequentando a Escola pela primeira vez, os que estão vindo transferidos, bem como os que estão retornando das férias.

  Os sentimentos mais frequentes são: ansiedade, insegurança, abandono, curiosidade, descoberta, felicidade, aumento de responsabilidade, comprometimento e encantamento ao perceber-se capaz de novas conquistas. Nesse período é importante que família e Escola trabalhem em parceria, principalmente quando se trata dos alunos da Educação Infantil e séries iniciais.

Cortar o cordão umbilical - Como trabalhar em parceria com a família? O que fazer diante do choro? Mais um “corte de cordão umbilical”. E aí? Há também os questionamentos das professoras: dou atenção ao grupo ou atendo aquele aluno que não quer permanecer na escola? Qual é o tempo ideal de adaptação? Convido a família para participar das atividades junto com o aluno ou não?... Enfim, qual é o caminho a seguir?

  Embora cada criança reaja de maneira diferente, frequentemente surgem dúvidas. Por isso mesmo, resolvi colocar no papel um pouco da minha prática e também pesquisei diversas fontes sobre a “adaptação”.

  Na verdade, não existe receita, porém quanto mais ampliarmos nosso repertório sobre o assunto, maior é a chance de tornarmos esta fase mais agradável tanto para os alunos quanto para nós mesmos.

  Não podemos esquecer que mesmo que o aluno não chore, ele está diante de uma situação nova e é importante que se sinta seguro. Para isso é importante que a família deixe bem claro que ele está num ambiente apropriado e seguro e que ao término do período alguém estará ali para pegá-lo. Afinal, muitos pais também estão ansiosos nestes momentos, o que acaba acentuando as angústias da criança.

- “Você vem me buscar?” - O principal medo da criança pequena é o de ser abandonada pelos pais. Quando ela está na escola nova, esse receio se torna constante. Ela está em um espaço que não conhece, com gente estranha e para agravar, ainda tem pouca noção de tempo. Não sabe quando vai voltar para casa.

  A escola tenta acalmar as crianças trabalhando a rotina com desenhos, hora do lanche, de brincar e de ir embora. Normalmente é a primeira vez que a criança ficará sozinha sem ninguém de referência da família e acaba chorando pelo medo que essa separação provoca.

  Na Escola da Ilha, combinamos com a família que no período de adaptação o ideal é que o acompanhante da criança nesse período seja a mesma pessoa, ou seja: mãe, pai, avó, babá, etc. É evidente que ninguém nasceu para chorar por quatro horas seguidas e por isso a professora irá acertar com a família o tempo de permanência do aluno na Escola.

  Num primeiro momento o acompanhante entra na sala e aos poucos vai se afastando, ou seja, fica num local próximo a sala para que se necessário a criança o veja. Depois diz que vai comer alguma coisa na cantina, ler um livro na biblioteca e depois que vai para casa ou para o trabalho.

Objetos pessoais da criança - No início das aulas, levar os brinquedos ou objetos preferidos é comum."Na adaptação, a criança precisa ter paninho, mamadeira, chupeta, brinquedo preferido porque são objetos familiares que representam a casa para ela”, explica Marcelo Cunha Bueno, coordenador pedagógico e educador da escola Estilo de Aprender, em São Paulo. “Assim, constrói um elo entre a escola e a casa, ligação necessária para o sucesso da adaptação."

  É comum algumas crianças que não levam os objetos ficarem o tempo todo com a mochila nas costas sem querer pendurá-la no cabide. A mochila representa a sua casa. Aos poucos, escola e pais devem incentivar a criança a deixar o objeto na mochila, depois no carro e, por fim, em casa. É necessário que os pequenos consigam conviver, brincar, comer sem depender desses objetos.

 Com a parceria da família, traçamos os caminhos a serem seguidos, buscando juntos proporcionar um ambiente seguro, prazeroso e de muitas conquistas para nossas crianças.
 
  Estas são algumas das práticas adotadas na Escola, que evidentemente se adapta a cada aluno e a cada família tornando esse momento de adaptação menos “dolorido” e mais tranquilo.
*Madeleine Ramos de Oliveira e Godoy
Coordenadora Pedagógica do Ensino Infantil e Fundamental I da Escola da Ilha.

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