quarta-feira, 27 de julho de 2011

Projetos: Uma vivência imprescindível.

“Os Projetos de Trabalho contribuem para uma resignificação dos espaços de aprendizagem de tal forma que eles se voltem para a formação de sujeitos ativos, reflexivos, atuantes e participantes”
(HERNANDEZ, 1998).

Ultrapassar a prática tradicional no processo de aprendizagem sem que haja a interferência tendenciosa sobre o que está sendo ensinado é um dos maiores desafios que encontramos na educação moderna.
Nesse sentido, para planejar um projeto, faz-se necessário considerar que este se caracteriza como um meio de repensar e refazer a prática pedagógica. O projeto está sempre comprometido com ações, mas é algo aberto e flexível ao novo que pressupõe a troca, o trabalho em equipe. Organizar situações de ensino/aprendizagem sob a forma de projetos é uma entre outras estratégias de ensino com as quais poderemos reorganizar a gestão do tempo e do espaço escolar, da relação entre os docentes e os alunos, uma vez que permite redefinir os discursos e as práticas sobre o saber escolar.
O trabalho com projetos permite que a todo momento sejam revistas as proposições descritas inicialmente e, para poder levar avante sua execução, é necessário uma reformulação de acordo com os interesses dos sujeitos envolvidos. Essa forma de trabalhar permite que o professor tenha maiores evidências sobre o desenvolvimento do aluno , suas dificuldades e descobertas, podendo intervir para favorecer a aprendizagem, fornecer informações significativas para os trabalhos em execução.
O objetivo do trabalho com projetos é a potencialidade de gerar aprendizagens significativas. E ao mesmo tempo promover nos alunos a compreensão dos fenômenos e problemas da realidade em que vivem. Compreender é ser capaz de ir além da informação recebida, é poder reconhecer as diferentes versões de um fato e buscar explicações, formulando hipóteses sobre as conseqüências dessa pluralidade de pontos de vista. Nesse processo, os alunos são os sujeitos da aprendizagem e os professores, seus parceiros. Entretanto, sendo o professor, pela própria natureza, o líder do processo cabe a ele buscar o maior número de informações possível para ter segurança e tranqüilidade, quer na orientação ao aluno, quer na administração dos conflitos que possam surgir a partir do confronto de diferentes posicionamentos. Nesses sentido, fica fácil entender por que os conceitos de interdisciplinaridade, cidadania e democracia são inerentes ao trabalho com projetos.

Segundo Hernández: “A função do projeto é favorecer a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares em relação a: 1) o tratamento da informação, e 2) a relação entre os diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação procedente de diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio.” (HERNÁNDEZ, 1998:61-64).

O trabalho educativo com projetos favorece o desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender, da interação social, do aprender a conviver, da autonomia intelectual, a de negociar, a de saber se posicionar frente a opiniões diferentes, o desenvolvimento da organização individual e coletiva, bem como a capacidade de buscar e selecionar informações e a tomar decisões.
Os projetos se caracterizam como um grande diferencial por propor um conjunto de situações de ensino/aprendizagem contextualizadas, num processo de elaboração coletiva envolvendo alunos e professor. Trata-se de uma série de situações unificadas por uma finalidade ou objetivo conhecido e compartilhada pelo grupo envolvido. E que sempre têm como um de seus objetivos a busca de um produto final. Na maioria dos casos, os projetos envolvem mais de uma área de conhecimento sendo, portanto,interdisciplinares.

Uma vez que o projeto é proposto e compartilhado pelos alunos e tem uma finalidade consciente para todos, planejam-se as situações de ensino para executá-lo, isto é, fazer o planejamento sobre o que será ensinado, como se dará o processo e como o projeto será avaliado.
As situações de ensino são pensadas e planejadas para apoiar os alunos a enfrentarem os desafios que a tarefa colocará. Transpor essas dificuldades significará o sucesso do projeto e também a construção de novos conhecimentos.
Isso significa que as situações de ensino que fazem parte do projeto não são meros exercícios ou tarefas que os alunos têm de realizar para cumprir com a “obrigatoriedade escolar”. As atividades nas quais estarão envolvidos abordarão conteúdos funcionais e significativos , estabelecidos por necessidades inerentes ao processo de ensino/aprendizagem.
A avaliação deve ocorrer durante todo o processo, pois possibilita ao professor, acompanhar o progresso dos alunos, assim como repensar processos, buscar informações, refletir sobre sua prática pedagógica, além de efetuar as
intervenções necessárias.
Todo o trabalho realizado deve ser registrado a partir do início do projeto. O registro é um documento que permite o professor compartilhar com outros colegas seus avanços e crescimento. Esse registro deverá conter todas as produções dos alunos. Ao final do projeto, os registros demonstram como os alunos, pensaram, aprenderam, relacionaram determinados conteúdos e de que maneira estes conhecimentos foram apreendidos.

Assim, os projetos não se inserem apenas numa proposta de renovação de atividades – tornando-as mais criativas – e sim, de mudança de postura, o que exige um repensar da prática pedagógica e das teorias que a sustentam. Entendida nessa perspectiva, o trabalho com projetos é um caminho para transformar o espaço escolar em um meio estruturante , aberto à construção de aprendizagens significativas para todos que dele participam.

Referências

HERNÁNDEZ , FERNANDO. Transgressão e Mudança na Educação: OS PROJETOS DE TRABALHO.
Porto Alegre: Artes médicas, 1998.
A organização do currículo por projetos de trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

Fonte: Revista Nova Escola - Edição Nº154 – Agosto de 2002

Fonte: Revista Nova Escola - Edição Nº146 – Outubro de 2001

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