domingo, 24 de julho de 2011

Aprendendo a lidar com as diferenças no ambiente escolar

Nós, brasileiros, somos conhecidos por sermos uma sociedade miscigenada e, portanto, uma sociedade na qual os preconceitos e diferenças não estariam tão evidentes. Entretanto, as distinções entre uns e outros, principalmente as raciais e religiosas, fazem parte do contexto social e também escolar.
Diversos estudiosos se debruçaram sobre as questões raciais na escola. Jeruse Maria Romão, mestre em Educação pela Universidade Estadual de Santa Catarina, foi uma delas. De acordo com Romão, o professor deve perceber que os alunos pertencem a culturas diferenciadas e histórias de vida diversas, o que demanda do professor o estímulo e a prática do respeito às diferenças dentro e fora da escola.
Como segunda atitude, ele deve compreender que a individualidade de cada aluno faz parte de um coletivo, isto é, de um grupo especifico ao qual ele pertence. Tendo isso como base, o professor deve discutir alguns pontos de divergências de atitudes entre as crianças, não apenas de uma forma geral, mas com a peculiaridade de cada contexto. O professor não deve, por exemplo, falar de africanos como pessoas pertencentes apenas a raça negra, pois, como sabemos, existe uma região na África que foi colonizada pelos franceses e, por isso, nesse local há um predomínio da raça branca.
Ainda de acordo com Romão, o professor deve estimular o desenvolvimento da criança em todos os seus aspectos: emocionais, cognitivos, físicos e culturais. Para isso, muitas vezes, é necessário, por parte do professor, romper com os estigmas de nossa sociedade e passar a relacionar os conhecimentos universais aos que as crianças percebem em suas vidas. Nesse sentido, sua prática estará promovendo a auto-estima, tendo como base o comprometimento com a promoção e com o respeito do individuo e de suas relações coletivas. No momento em que a criança não assimila os conhecimentos, sua dificuldade em entender uma lógica tão diferente de sua realidade é vista como erros, e esses, como uma espécie de relaxamento e desinteresse por parte do aluno.
Ao pensar no real educador, devemos pensar em um profissional que busque compreender as diferenças entre as pessoas, dentro e fora de sua coletividade, além de entender que existem diferenças entre as coletividades, mesmo que pertençam a um outro grupo. Para desenvolver uma forma de abordagem voltada para esse profissional preocupado com as diferenças, Jeruse Romão propõe que a primeira atitude do professor deve ser a de estimular a criança ao autoconhecimento para que construa sua identidade - para isso a criança deve receber motivações e aspirações. Tal atitude de trabalho não deve ser pontual, mas ocorrer ao longo de todo o ano para que a criança vá internalizando sua identidade.
Desenvolver este tema com alunos de diferentes etnias é importante para a estimulação do respeito às diferenças. O que não deve ocorrer no ambiente escolar é a negação das diferenças, já que as ações de negação da cultura de cada individuo e do coletivo podem gerar a baixa-estima na criança. Dessa forma, ela não verá as características boas de sua cultura. Portanto, para que todos os alunos tenham as mesmas chances de desenvolvimento como cidadãos plenos, é necessário que algumas propostas diferenciadas venham valorizar as diferenças e suas potencialidades sejam trabalhadas na escola.

Referências:
CAVALLEIRO, Eline. (org) Racismo e Anti-Racismo na Educação: repensando nossa escola. São Paulo: Summus, 2001.
HÉDIO, Silva Jr. Discriminação racial nas escolas: entre a leis e as práticas sociais. Brasília: UNESCO, 2002. 

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