sábado, 30 de julho de 2011

O ponto fraco do ensino forte

    Por que as escolas tradicionais - as primeiras colocadas nos exames nacionais de avaliação - podem causar danos aos alunos.
MARTHA MENDONÇA COM MARGARIDA TELLES
 Stefano Martini
SENSIBILIDADE 
   A estudante de artes Chanel Rodrigues, de 18 anos, faz desenhos em casa, no Rio. Ela entrou em depressão nos anos em que estudou em um colégio tradicional
   Foram os piores anos da minha vida.” A frase ainda é dita com sofrimento pela estudante carioca Chanel de Andrade Rodrigues, de 18 anos. Ela está no 1o ano da faculdade de artes, mas não esquece o período em que estudou no Santo Agostinho, do Rio de Janeiro, um dos colégios mais tradicionais e bem-conceituados do país. Do 7o ano do ensino fundamental ao 1o ano do ensino médio, passou seus dias perdida entre aulas que não acompanhava, um enorme volume de conteúdos para memorizar, provas difíceis, notas baixas e um séquito de professores particulares a cada final de ano letivo. Na escola, não gostava de sair para o recreio e não comia nada. Em casa, compensava a ansiedade comendo demais. Na escola anterior, menos rígida, onde tirava boas notas, costumava nadar e fazer aulas de dança. No Santo Agostinho, evitava as aulas de educação física. Chanel entrou em depressão e engordou 20 quilos.
   A mãe tentou convencê-la a fazer terapia, mas ela se recusava. “Eu só queria ser invisível”, afirma. “Odiava a competitividade que estava sempre no ar.” Só depois que Chanel foi reprovada, no 1o ano, sua mãe decidiu trocá-la de escola. (Procurado por ÉPOCA, o Santo Agostinho não respondeu aos pedidos de entrevista.) O caso de Chanel é apenas um entre centenas que revelam uma realidade incômoda: o custo emocional alto – muitas vezes altíssimo – do modelo de eficiência adotado naquelas escolas que exigem alto desempenho dos alunos e garantem todo ano boas colocações nos melhores vestibulares.
  Consideradas as melhores do país, quase sempre campeãs nas provas nacionais de avaliação, as escolas de ensino tradicional representam, na mente de muitos pais, uma esperança de sucesso para a vida dos filhos num mercado de trabalho competitivo. Apesar de seus resultados inquestionáveis e da procura crescente por escolas desse tipo, esse modelo agora começa a ser mais e mais questionado por seus efeitos colaterais.
   O ensino tradicional surgiu na Europa do século XVIII como um modelo em que os alunos são ensinados e avaliados de forma padronizada. Ele se inspira na ideia de que a mente das crianças é uma tabula rasa, um espaço em branco sobre o qual os diversos conteúdos – gramática, matemática, ciências, história etc. – devem ser inscritos seguindo um método rigoroso de exposição e avaliação. Mais do que qualquer outra aptidão, valoriza o acúmulo de conhecimento: quanto mais fatos e fórmulas o aluno aprende, mais bem avaliado ele é.
Há, ainda, uma forte pressão por desempenho nas provas e um grande volume de conteúdo a estudar. As escolas tradicionais também costumam ser mais rígidas em regras de comportamento, como respeito ao horário, frequência às aulas, uso de uniforme e atitude no recreio. Apesar de ter incorporado conceitos pedagógicos mais modernos, a essência do modelo tradicional de ensino permanece a mesma – e a educação tradicional está em alta no mundo, com filas de espera para matrículas e salas abarrotadas de alunos.
 A grande procura por uma vaga numa dessas escolas se explica pelo desempenho acima da média de seus alunos. No Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que classifica as escolas públicas e particulares a partir das notas tiradas numa prova feita pelos alunos, é decisivo para a família na hora de escolher onde matricular seus filhos. Há anos, os colégios mais tradicionais e rígidos ocupam o topo da lista. “É comum hoje em dia pais e mães compararem as posições das instituições em que seus filhos estudam. Se os resultados das escolas não são bons, bate o sentimento de que se está fazendo algo errado”, afirma Quézia Bombonato, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.







"Toda mudança gera insegurança"

  Nem sempre é fácil lançar-se ao novo. Experienciar o desconhecido é deixar aflorar sentimentos que podem gerar prazer ou desconforto. Nesse período é importante que família e escola trabalhem em parceria - por Madeleine Ramos de Oliveira e Godoy*
  Desconheço o autor da expressão "toda mudança gera insegurança", mas com certeza é o que acontece com a maioria das pessoas frente a novas situações, sejam crianças, adolescentes ou adultos. Nem sempre é fácil lançar-se ao novo. Experienciar o desconhecido é deixar aflorar sentimentos que podem gerar prazer ou desconforto dentro de um mesmo contexto.

  Sabemos que o período de adaptação é muito importante para os alunos, sejam os que estão frequentando a Escola pela primeira vez, os que estão vindo transferidos, bem como os que estão retornando das férias.

  Os sentimentos mais frequentes são: ansiedade, insegurança, abandono, curiosidade, descoberta, felicidade, aumento de responsabilidade, comprometimento e encantamento ao perceber-se capaz de novas conquistas. Nesse período é importante que família e Escola trabalhem em parceria, principalmente quando se trata dos alunos da Educação Infantil e séries iniciais.

Cortar o cordão umbilical - Como trabalhar em parceria com a família? O que fazer diante do choro? Mais um “corte de cordão umbilical”. E aí? Há também os questionamentos das professoras: dou atenção ao grupo ou atendo aquele aluno que não quer permanecer na escola? Qual é o tempo ideal de adaptação? Convido a família para participar das atividades junto com o aluno ou não?... Enfim, qual é o caminho a seguir?

  Embora cada criança reaja de maneira diferente, frequentemente surgem dúvidas. Por isso mesmo, resolvi colocar no papel um pouco da minha prática e também pesquisei diversas fontes sobre a “adaptação”.

  Na verdade, não existe receita, porém quanto mais ampliarmos nosso repertório sobre o assunto, maior é a chance de tornarmos esta fase mais agradável tanto para os alunos quanto para nós mesmos.

  Não podemos esquecer que mesmo que o aluno não chore, ele está diante de uma situação nova e é importante que se sinta seguro. Para isso é importante que a família deixe bem claro que ele está num ambiente apropriado e seguro e que ao término do período alguém estará ali para pegá-lo. Afinal, muitos pais também estão ansiosos nestes momentos, o que acaba acentuando as angústias da criança.

- “Você vem me buscar?” - O principal medo da criança pequena é o de ser abandonada pelos pais. Quando ela está na escola nova, esse receio se torna constante. Ela está em um espaço que não conhece, com gente estranha e para agravar, ainda tem pouca noção de tempo. Não sabe quando vai voltar para casa.

  A escola tenta acalmar as crianças trabalhando a rotina com desenhos, hora do lanche, de brincar e de ir embora. Normalmente é a primeira vez que a criança ficará sozinha sem ninguém de referência da família e acaba chorando pelo medo que essa separação provoca.

  Na Escola da Ilha, combinamos com a família que no período de adaptação o ideal é que o acompanhante da criança nesse período seja a mesma pessoa, ou seja: mãe, pai, avó, babá, etc. É evidente que ninguém nasceu para chorar por quatro horas seguidas e por isso a professora irá acertar com a família o tempo de permanência do aluno na Escola.

  Num primeiro momento o acompanhante entra na sala e aos poucos vai se afastando, ou seja, fica num local próximo a sala para que se necessário a criança o veja. Depois diz que vai comer alguma coisa na cantina, ler um livro na biblioteca e depois que vai para casa ou para o trabalho.

Objetos pessoais da criança - No início das aulas, levar os brinquedos ou objetos preferidos é comum."Na adaptação, a criança precisa ter paninho, mamadeira, chupeta, brinquedo preferido porque são objetos familiares que representam a casa para ela”, explica Marcelo Cunha Bueno, coordenador pedagógico e educador da escola Estilo de Aprender, em São Paulo. “Assim, constrói um elo entre a escola e a casa, ligação necessária para o sucesso da adaptação."

  É comum algumas crianças que não levam os objetos ficarem o tempo todo com a mochila nas costas sem querer pendurá-la no cabide. A mochila representa a sua casa. Aos poucos, escola e pais devem incentivar a criança a deixar o objeto na mochila, depois no carro e, por fim, em casa. É necessário que os pequenos consigam conviver, brincar, comer sem depender desses objetos.

 Com a parceria da família, traçamos os caminhos a serem seguidos, buscando juntos proporcionar um ambiente seguro, prazeroso e de muitas conquistas para nossas crianças.
 
  Estas são algumas das práticas adotadas na Escola, que evidentemente se adapta a cada aluno e a cada família tornando esse momento de adaptação menos “dolorido” e mais tranquilo.
*Madeleine Ramos de Oliveira e Godoy
Coordenadora Pedagógica do Ensino Infantil e Fundamental I da Escola da Ilha.

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

EUA abandonam ensino da letra de mão

   Defensores da medida, que provoca polêmica, argumentam que as crianças não necessitam mais escrever com caneta no papel.

Gustavo Chacra - O Estado de S.Paulo
CORRESPONDENTE
NOVA YORK
Paulo Liebert/AE-19/8/2010
Paulo Liebert/AE-19/8/2010
Ultrapassado. Escolas de cerca de 40 Estados americanos vão abandonar ensino da letra cursiva, por considerá-la hoje ultrapassada e desnecessária
   O ensino da letra cursiva (de mão) será opcional em Indiana e deverá ser banido definitivamente nos próximos anos. A decisão deve ser seguida por mais de 40 Estados americanos que também consideram esta forma de escrever como ultrapassada. Na avaliação deles, é mais importante se concentrar no aprendizado das letras bastão (de forma).
 O argumento dos defensores desta lei, que provocou polêmica nos Estados Unidos nas últimas semanas, é de que hoje as crianças praticamente não necessitam mais escrever as letras com caneta ou lápis no papel.
 Seria mais importante elas aprenderem a digitar mais rapidamente, já que quase toda a comunicação acontece por meio de letras de forma nos celulares e computadores.
  "As escolas devem decidir se pretendem ensinar letra cursiva, mas recomendamos que deixem de ensinar e se foquem em áreas mais importantes. Também seria desnecessário encomendar apostilas que ensinem letras cursiva", diz um memorando do Departamento de Educação de Indiana.
  A Carolina do Norte também já anunciou que adotará uma medida similar, segundo suas autoridades educacionais.
  A Geórgia é outro Estado americano que recomenda o fim do ensino, segundo seu porta-voz Matt Cardoza, apesar de "aceitar que os alunos aprendam a letra de mão caso os professores considerem necessário".
  Esses Estados, assim como outros 40, integram o Common Core Stated Standards Initiativa (Iniciativa para um Padrão Comum de Currículo), responsável por tentar padronizar o ensino básico nos Estados Unidos. O grupo defende abertamente o fim do ensino da letra cursiva.
  Jody Pfister, diretor de um distrito escolar em Indiana, escreveu artigo em um jornal local defendendo as mudanças. "Se olharmos antigos documentos ou se vermos a escrita de mão dos tempos da guerra civil, eles eram verdadeiros trabalhos artísticos e certamente perderemos parte disso. Mas temos de levar em conta o progresso", escreveu o diretor.
  Os opositores, além de levar em conta a tradição, dizem que a letra representa em parte a personalidade das pessoas, especialmente nas assinaturas, e também permite que sejam lidos documentos históricos, como a declaração de independência dos Estados Unidos.
  Um encontro da Master Penmen, a associação internacional dos instrutores de letra de mão, deve se encerrar hoje no Arizona com um repúdio à decisão em Indiana. Eles contam também com um apoio indireto do presidente Barack Obama, que tem o costume de escrever cartas de próprio punho para algumas pessoas, inclusive para eleitores.
 Trajetória. Até poucas décadas, o ensino da letra cursiva nos países ocidentais era inquestionável, e crianças passavam horas aperfeiçoando a letra em cadernos de caligrafia. O importante, além de tornar os traços legíveis, era ser capaz de escrever de uma forma considerada bonita. Foi com a pedagogia moderna que a exigência da letra cursiva começou a ser questionada. Com o tempo, cadernos de caligrafia caíram em desuso.

Pausa para... Piadinha

Arte literalmente na ponta (e em outras partes) do lápis


Fonte: Blog Não Clique Aqui

Brasil Escola





A Arte de Conhecer a Si Mesmo

"Para descobrir o que somos, primeiro precisamos descobrir aquilo que não somos..."
Autora: Anne M. Lucille[1]



"Aprende-se quando se descobre o que está sobrando, não o que está faltando..."
Supondo que dentro do nosso quarto, exista uma gaveta grande o suficiente para que lá dentro, possamos ir guardando todos os nossos objetos preferidos adquiridos em vida. Na parte de cima de todo esse amontoado, aquela que podemos visualizar com um rápido olhar, estarão espalhadas as aquisições mais recentes. Com o passar do tempo, e depois de camadas e mais camadas de objetos guardados, aqueles que estão lá no fundo, não conseguiremos mais enxergar. Passados mais tempo, e como a gaveta não cresce na mesma proporção que lhe são acrescentados mais e mais trastes, vamos ter de socar tudo com bastante força, de forma a compactar o conteúdo, ou nada mais poderemos ali guardar.

Chegará um ponto tal que, para continuarmos a guardar coisas novas, teremos que jogar fora os entulhos que não nos servem mais. A questão maior é decidir o que parece não nos servir naquele momento, e o que de fato não nos serve em momento algum. Se guardamos é porque nos serviu de alguma forma; é porque julgamos que um dia poderíamos outra vez daquilo precisar. Há também o valor sentimental de cada coisa com a qual acabamos por nos apegar. Mas, em busca de espaço para acrescentar algo mais, resta-nos fazer uma varredura em busca daquilo que aparentemente não tem mais nenhuma utilidade.
Ocorre que depois de tantos anos, depois de tanto socar para caber sempre mais, descobriremos desolados, que muitos objetos armazenados nas camadas inferiores, se removidos, acabarão por danificar outros aos quais estão irremediavelmente colados, atrelados. Trata-se de uma situação crítica uma vez que se removidos, acabarão por danificar vários que desejamos manter. Dessa forma, descer até as camadas mais inferiores torna-se uma tarefa praticamente impossível. Trata-se de uma tragédia pessoal, uma vez que temos a certeza de que deve haver algo por lá, que não nos serve mais para nada. O que fazer então diante de tal calamidade? Se ao menos fossemos capazes de nos lembrar de tudo que há por ali.

Embora o fato de ser capaz de lembrar não resolvesse o problema de espaço, ao menos nos ajudaria a selecionar melhor o conteúdo a ser acrescentado nas camadas superiores, e talvez, pelo fato de lembrar do que estava ali guardado, objetos semelhantes não precisassem mais ser acumulados, e a gaveta não estivesse tão cheia. É lógico que objetos semelhantes estavam ali ocultos pelas camadas de cima, pois ninguém seria capaz de mudar tanto de comportamento e preferências ao longo dos anos, de modo que apenas um exemplar de cada objeto estivesse ali guardado; aliás, é provável que sequer existisse tanta coisa para se guardar, sem que não houvesse semelhança alguma entre elas.

Poderíamos tomar uma resolução drástica e jogar tudo fora de uma vez, assim a gaveta estaria outra vez limpinha para novas aquisições. Mas, com o passar do tempo a coisa se repetiria, e além disso, feita a remoção, nada lhe restaria a não ser alguns poucos e mais recentes objetos. Como poderia então recordar o que foi a sua vida, se tudo se perdera; se apenas umas poucas e mais recentes lembranças seria tudo que restaria? Pior de tudo, supondo que cada um daqueles objetos guardados, fosse uma parte de si mesmo, parte que ao ser descartada, removeria uma respectiva parte de sua personalidade atual? Procedesse a remoção radical, ao final, não restaria nem a si mesmo.
Ocorre que, cada objeto que ali existe, pode ser uma habilidade adquirida, uma qualidade má ou boa; experiências valorosas a partir da superação de erros importantes, e que ora incorporadas à nossa personalidade, nos faculta viver melhor. Jogar tudo fora sem critério, tornaria impossível nossa vida na terra, uma vez que toda nossa experiência de vida e procedimentos para interagir de forma a sobreviver, também são partes inseparáveis desse acervo. Não podemos simplesmente descartar o conhecimento acumulado para nos tornarmos novos ou outra coisa qualquer, isso é impossível. Também, não precisamos vivenciar tudo aquilo outra vez para nos conhecermos. Como fazer então?

Há uma qualidade em nossa mente que transcende a própria mente, e esta é a capacidade de observar a si mesma. Este é então o fator de redenção do homem, uma função que ele precisa conhecer, e então terá a real condição de saber quem de fato é, como ser humano. Não o ser humano com nome e endereço que atualmente imagina ser, mas o “ser” homem como espécie racional diferente do irracional. O “ser”, ente, homem capaz de transcender os próprios problemas, de modo que nenhum deles, a despeito de continuarem a existir, já que o mundo continua como é, não o afetem psicologicamente nunca mais, em nenhum tempo, sob nenhuma circunstância.

Se todos os caminhos conduzem a um mesmo lugar, então não há saída... 
Não se trata, entretanto, de um procedimento, ou método que deva ser adotado, ou prática de alguma forma nova de comportamento, ou exclusão de antigos hábitos em substituição à novos, mas de uma nova postura, onde nada será descartado, mas tudo será compreendido. Muitas vezes guardamos objetos com uma intenção, e em dado momento de nossas vidas, eles nos servem para algo inesperado, completamente diferente da proposta original. O que somos não podemos mudar, mas podemos compreender-nos como somos, e não conforme um ideal de realização projetado pela sociedade, ou por nós, o que também reflete apenas uma projeção da mesma, em nós, como seus veículos de ação.

Compreendermo-nos como somos, não é uma tarefa tão fácil quanto ler um manual de procedimentos, que nos explique passo a passo isso que “somos”, segundo essa ou aquela visão psicanalítica, ou outra coisa, mas antes disso, um empreendimento pessoal, uma jornada que tende a ser absolutamente inédita em nossas vidas. E mais importante, sem ninguém para nos guiar por este ou por aquele caminho; ou método, ou esquema sociológico. Para isso, iremos sim precisar, de todo nosso histórico anterior, não como uma fonte de lembrança, reverência e identificação, mas de observação passiva. Isso nos facultará a percebermos, o que nos serve, e o que não nos serve, dentre esse imenso acervo que está conosco durante todo esse tempo.

Se não sabemos quem somos, a partir dessa larga experiência contida em nossas memórias, podemos descobrir o que não somos. Podemos então nos redescobrir, não de conformidade com o mundo, mas a partir da sensibilidade própria de um observador imparcial, sem influências que possam interferir em sua maneira de se comportar, e reagir. Poderá então esse observador, que é a mente observando a si mesma, em sua ação diária, a medida que vive seus conflitos, angústias e problemas pessoais, aprender o que ele próprio é em frente a tudo isso. Nessa vigília passiva e diária, onde não se atreverá a comentar nada consigo mesmo através de pensamentos, descobrirá o que lhe pertence, o que lhe é necessário; assim como tudo que não lhe pertence, tudo que carrega consigo, mas que não lhe serve.

E apenas assim ele será capaz de conhecer a si mesmo.




Autora: Anne M. Lucille
email: annemarielucille@yahoo.com.br
Veja mais detalhes sobre a autora nas notas abaixo.

Veja outros artigos dessa mesma Autora:
  • Os Jovens - Uma Ideia do Futuro

  • O Problema do Medo

  • O Educador e o seu Mundo

  • Perfeccionismo

  • Inteligência e Autoridade                                                                                                          




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    quinta-feira, 28 de julho de 2011

    Como os pais podem ajudar na aprendizagem dos filhos

             Alunos que leem mais têm desempenho melhor, importando pouco o que leem: a correlação é observada para livros, jornais e revistas. Alunos que tiveram pais que leram para eles na tenra infância têm melhor desempenho”.
    Os pais zelosos costumam fazer grandes esforços pela educação de seus filhos. Têm razão. Há poucas áreas da vida de uma pessoa que não são direta e positivamente influenciadas pela sua educação. Estudo aumenta a renda, reduz a criminalidade e a desigualdade de renda, tem impactos positivos sobre a saúde e diminui até o risco de vitimização pela violência urbana. Muitos pais, porém, concentram seus esforços no lugar errado: procuram escolas caras, com instalações vistosas e tecnologicamente avançadas, e entopem seus filhos de atividades extracurriculares. A pesquisa empírica, ainda que esteja longe de poder prescrever um mapa completo de tudo aquilo que os pais podem fazer para que seus filhos cheguem a Harvard, já identifica uma série de fatores importantes (e outros irrelevantes) para o sucesso acadêmico das crianças. 
             Comecemos pelo início. Ou, aliás, antes dele: na escolha do(a) parceiro(a). As pesquisas revelam que o fator mais importante para o aprendizado das crianças é o nível educacional de seus pais. A escolarização dos pais é mais importante do que a escolarização dos professores (três vezes mais, para ser exato) e do que qualquer outra variável ligada à educação — inclusive a renda dos pais (um aumento de um ano da escolaridade dos pais tem impacto nove vezes maior sobre a escolaridade dos filhos do que um aumento de 10% da renda). Não é que a renda dos pais não seja importante: ela é, sim, em todo o mundo. Mas a escolaridade é mais. Muito do que atribuímos ao nível de renda dos pais é, na verdade, determinado por seu nível educacional, pois pessoas mais instruídas acabam ganhando mais dinheiro. 
             Nascido o filho, uma boa notícia: não há, que eu saiba, comprovação de que os métodos de aceleração de desenvolvimento cognitivo para bebês, sejam eles quais forem, tenham qualquer impacto. Alguns, como a linha de produtos Baby Einstein, por exemplo, foram recentemente identificados como tendo inclusive uma relação negativa com o desenvolvimento vocabular. As pesquisas também vêm demonstrando que não há correlação do QI de uma criança em idade pré-escolar com seu desempenho futuro (a relação começa a aparecer lá pelos 8 ou 9 anos), de forma que não há razão para desespero se o seu filho não estiver fazendo cálculo infinitesimal antes de abandonar as fraldas. 
             Não há, igualmente, impactos positivos para os bebês que frequentam creches. Há, sim, impactos significativos e bastante relevantes para as crianças que frequentam a pré-escola. Falaremos mais sobre ela no próximo mês, mas quem puder colocar o filho na pré-escola estará dando um importante empurrão ao desenvolvimento do filho, que perdura a vida toda. 
             Finda a pré-escola, os pais que têm a sorte de poder colocar seus filhos em escolas particulares deparam com a decisão que parece ser a definitiva: em que escola matricular o rebento? A boa notícia é que essa decisão é bem menos importante do que parece. A má é que o trabalho dos pais não termina depois da decisão de onde colocar o filho. Pelo contrário: a pesquisa mostra que aquilo que acontece dentro de casa é mais importante do que a escolha da escola. Um estudo recente, por exemplo, decompôs a diferença de performance entre escolas públicas e particulares no Saeb, teste educacional do MEC, e encontrou o seguinte: nos resultados brutos, a escola particular tem desempenho 50% acima da pública. Porém, quando inserimos na equação o nível de renda dos pais dos alunos, essa diferença cai para 16%. Dois terços da diferença entre escolas públicas e privadas se devem, portanto, não a fatores da escola, mas do alunado. (Esse estudo e todos os outros mencionados neste artigo estão disponíveis em twitter.com/gustavoioschpe.) 
             Isso não quer dizer que a escola não importa, obviamente. Ela importa, e muito. Mas as diferenças mais importantes são entre sistemas escolares de países ou regiões diferentes. Dentro do mesmo sistema, em termos de aprendizagem, as diferenças são menos importantes do que a maioria imagina. Para os pais preocupados em escolher a melhor escola possível para o sucesso acadêmico do seu filho, o Enem é um bom sinalizador. Não é uma ferramenta definitiva, já que a participação no exame é opcional, produzindo uma amostra não aleatória, mas é um bom começo. Para escolas com resultados parecidos no Enem, usaria, como critério de “desempate”, as práticas consagradas de sala de aula e os critérios de formação de professores e gestores detalhados na trilogia publicada neste espaço nos últimos meses. 
             O mais importante que os pais podem fazer, porém, está dentro de casa, diuturnamente. O acesso e o apreço a bens culturais, especialmente livros, são fundamentais. A quantidade de livros que o aluno tem em casa é apontada, em diversos estudos, como uma das mais importantes variáveis explicativas para seu desempenho. É claro que não basta ter livros: é preciso lê-los, e viver em um ambiente em que o conhecimento é valorizado. Alunos que leem mais têm desempenho melhor, importando pouco o que leem: a correlação é observada para livros, jornais e revistas. Alunos que tiveram pais que leram para eles na tenra infância têm melhor desempenho. Pais envolvidos com a vida escolar dos filhos e que os incentivam a fazer o dever de casa têm impacto positivo (curiosamente, o envolvimento dos pais no ambiente escolar tem se mostrado irrelevante). Porém, pais que fazem o dever de casa com (ou pelo) seu filho provocam piora no desempenho acadêmico, por melhores que sejam as intenções. 
             Morar perto da escola ajuda. Em uma resenha de oito estudos sobre o tema, os oito indicaram relação negativa entre distância casa-escola e aprendizado dos alunos. Talvez essa relação influencie outro detrator do aprendizado: o absenteísmo. Aluno que falta à aula é, em geral, aluno que aprende menos. Outro fator negativo é o trabalho: alunos que trabalham além de estudar aprendem menos. Infelizmente não conheço estudos sobre o impacto do trabalho nos alunos universitários, mas aposto que parte da enorme diferença de qualidade entre as universidades brasileiras e as americanas se deve ao ambiente de dedicação exclusiva que estas conseguem impor aos seus alunos.
             Ter computador em casa também tem resultados mensuráveis sobre o aprendizado. Quem pode comprar um que o faça. 
             Finalmente, falemos sobre aspectos psicológicos. Um dos grandes esforços dos pais modernos é aumentar a autoestima de seus filhos. Na educação, seu impacto é incerto: de catorze estudos analisando o assunto, só em metade se viu relação positiva entre autoestima e aprendizado. Em outro estudo, descobriu-se que o impacto do desempenho acadêmico é três vezes mais importante que a autoestima do jovem do ensino médio para a determinação do seu salário quando adulto. 
    Os fatores que têm impacto sobre o aprendizado são outros: gostar de estudar, ter maior motivação, aspirações de futuro mais ambiciosas, persistência e consistência são todas variáveis que estão correlacionadas a melhores notas. Os pais não podem incutir em seus filhos todas essas virtudes (e a interessante discussão sobre quanto controle os pais têm sobre o destino de seus filhos é tema para artigo futuro), mas há muito que podem fazer para criar ambientes domésticos mais propícios ao surgimento ou fortalecimento dessas características. 
             Por fim, duas ressalvas. Ser bom aluno não significa ser feliz ou bom cidadão ou quaisquer outras virtudes que são tão ou mais desejadas pelos pais que o sucesso acadêmico dos filhos. Elas simplesmente não estão mencionadas aqui porque não constituem minha área de estudo. Segundo, talvez falte nessa lista — por ser simplesmente imensurável — aquilo que de mais importante um pai pode dar a seu filho: amor.

    Ioschpe, Gustavo. 
    Revista Veja. 
    Editora Abril, Ano 44. 
    Edição 7 de 16 de fevereiro de 2011. 
    Disponível em:
    http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/como-os-pais-podem-ajudar-na-aprendizagem-dos-filhos

    10 INICIATIVAS PARA PROMOVER O DIREITO AO BRINCAR












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    Educação infantil, a melhor referência para (re)pensar a escola


         Um só estágio de nossas instituições escolares é digno de elogios sem reservas, porque está realmente na medida das crianças que vêm alegremente encher as classes e os jardins: as escolas maternais.
    (Georges Gusdorf)
       Uma grande educadora norte americana, Deborah Meier, resume o ponto de vista apresentado neste artigo quando, ao explicar o seu grande sucesso na direção de escolas de Ensino Médio em bairros carentes de Nova Iorque, afirma que o mais importante, ao conceber o trabalho com adolescentes, é manter vivas as idéias e o espírito da boa educação infantil [i].
       É nos princípios e nas práticas da boa Educação Infantil, que a Escola, em todos os seus níveis, pode encontrar a inspiração para uma renovação que, sempre anunciada, tarda e falha…
       Que princípios fundamentais são esses? Podemos resumi-los em seis itens, que são descritos brevemente a partir de agora:
    1 - A importância das relações entre adultos e crianças.
       Um dos grandes dramas da escola, em seus níveis mais avançados, é a falta de contato entre jovens e adultos. Na Educação Infantil (EI) encontramos a preocupação prioritária em receber bem e buscar uma boa adaptação de cada criança, o carinho e o respeito à individualidade, o envolvimento de toda a equipe de funcionários na atenção às crianças. A mensagem básica da boa EI, para cada novo aluno ou aluna, é: “Queremos que, aqui, você se sinta em casa”. Mesmo se a escola só pode ser um tipo muito diferente de “casa”, com outras regras e funções, a prioridade à construção de um bom ambiente relacional é o antídoto para um dos mais graves problemas de muitas de nossas escolas, especialmente da 5ª série em diante, que é a falta de familiaridade entre estudantes e professores, que gera ou agrava o desinteresse, o anonimato, a violência…
    2 – A importância das relações entre as crianças.
       A enorme importância das interações entre crianças, reafirmada nas últimas décadas por inúmeras pesquisas e por experiências pedagógicas, vai ao encontro a uma proposta já clássica em Educação Infantil, que é a de organizar as salas em “cantinhos”. Outra conseqüência interessante é o estímulo às atividades e brincadeiras feitas em pequenos grupos, em torno de brinquedos, de jogos com cartas e dados, com textos já escritos ou que devem ser escritos, com situações problema, etc. O valor desse princípio para outros níveis apenas começa a ser vislumbrado. Por exemplo, a confrontação de diferentes pontos de vista e os debates podem ser utilizados de forma muito mais intensa do que é possível na Educação Infantil. Em uma escola renovada, o estímulo ao diálogo e à colaboração – mesmo com estudantes de outras turmas e das mais diversas faixas etárias - é constante e, como acontece na boa EI, cada aluno(a) é levado a compreender que “aqui, você tem espaço para interagir com todo mundo”.
    3 - O papel do jogo e da imaginação.
       O jogo é importante em todas as visões que a psicologia nos oferece. O respeito e o incentivo a ele é um dos fundamentos da Educação Infantil. De importância fundamental é a visão sobre o jogo de Vigotsky, elaborada por seu discípulo Elkonin. Para eles, o jogo é a raiz do desenvolvimento infantil e é ele que está na origem da capacidade de imaginar, que é o que nos torna especificamente humanos. O jogo é visto como uma imitação do mundo dos adultos e a experiência social é a matéria prima do jogo. As implicações pedagógicas são claras: o desenvolvimento da imaginação deve ser uma prioridade em qualquer nível, e precisamos de escolas que digam, a cada estudante:“brinque, imagine, invente, crie, faça de conta…”. É preciso enriquecer a experiência social das crianças e abrir espaços para que ela se expresse em suas atividades, das mais diversas formas, envolvendo não apenas a língua escrita, mas também o desenho, as dramatizações e todas as formas de expressão gráfico-plásticas.
    4 - As aprendizagens precoces e as aprendizagens tardias.
       Nas últimas décadas, pesquisas em psicologia e a evolução das neurociências deram origem a uma nova visão dos bebês como organismos dotados de imensas capacidades para interagir e para aprender. Somadas aos resultados positivos de experiências de educação precoce em diversas áreas, especialmente na alfabetização, elas levam a uma revisão radical do papel da EI. Os melhores resultados de aprendizagem são obtidos quando, em ambientes ricos em atividades significativas, exploram-se as conseqüências de uma idéia evidente: crianças (e também jovens, adultos e idosos) aprendem melhor quando estão interessadas em algum assunto, e podem pesquisar e falar sobre ele. Uma escola que diz a cada estudante “aprenda (e ensine) o que quiser, quando quiser, como quiser” está preparando melhor para um mundo turbulento e imprevisível.
    5 - A Escola Nova e as classes como comunidades, abertas para o mundo.
       Boas escolas de Educação Infantil levam suas crianças para passear pelo bairro, visitar circos, museus, teatros, etc. Espaços e momentos especiais são reservados para dialogar, contar novidades, inventar histórias com personagens do mundo real e da televisão, dançar e cantar músicas infantis, etc. É na EI que está a sala de aula que funciona como uma comunidade em miniatura e que busca ser um ambiente dinâmico em íntima conexão com a região e a comunidade, como já pedia, em 1932, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Essas idéias, que já eram importantes antes da explosão da Internet, ganham ainda mais importância no séc. XXI, e uma escola mais relevante para os estudantes precisa abrir espaço para a cultura juvenil, para os contatos e o diálogo com pessoas, tecnologias e instituições do mundo, e dizer: “Sim, sabemos que existe um mundo fora dos muros da escola”.
    6 – A importância de dar responsabilidades às crianças.
       Encontramos crianças constantemente reorganizando o espaço para brincar, escolhendo jogos, debatendo sobre passeios que serão feitos e discutindo regras de conduta, dentro e fora da classe, em salas de Educação Infantil. O incentivo à autonomia e à iniciativa infantis é um valor importante e encontra aplicação tanto nessas medidas simples quanto no envolvimento das próprias crianças na definição dos temas de estudo e nas tentativas de criar conselhos de classe que assumam parte de gestão coletiva do cotidiano. Essas idéias, sabemos pelo menos desde Freinet e Makarenko, funcionam ainda melhor com faixas etárias mais avançadas. Uma escola renovada convida: “Ajude a criar, mudar e a respeitar regras, assuma responsabilidades”, e procura abrir espaço para que as crianças, e estudantes de qualquer faixa etária, assumam tarefas e tomem decisões, individual e coletivamente. Em um mundo incerto, com estruturas familiares fragilizadas e regras cada vez menos homogêneas, escolas devem ser locais em que crianças e jovens aprendam, também, a criar e a recriar regras.
    Concluindo: pensar e fazer a renovação da escola talvez seja mais simples do que se pensa, se levarmos em conta que tudo o que funciona na Educação Infantil pode funcionar ainda melhor quando embasa a concepção da escola do Ensino Fundamental e Médio.
       As idéias apenas esboçadas aqui se encontram desenvolvidas mais extensamente - em uma abordagem didática, desenvolvida inicialmente para orientar processos de qualificação em serviço de professoras e de educadoras leigas de creches da região metropolitana de Curitiba – no livro Guia Prático de Pedagogia Elementar – A História do Pequeno Reino (Curitiba: Positivo, 2005), que é o resultado de mais de uma década e meia de envolvimento do autor com a pesquisa e a prática da EI.
    i Traduzido de: MEIER, D. The power of their ideas. Boston: Beacon Press. 1995. p.30.
    Fonte: Lucas Rischbieter - Educação e Tecnologia