terça-feira, 9 de agosto de 2011

Ofensas em redes sociais: A brincadeira que não deu certo


 
            Parecia uma brincadeira sem consequências. Indignados com a dureza da diretora do colégio, alguns alunos se reuniram e criaram uma comunidade no Orkut contra ela, chamada “Eu odeio a irmã Margarete”  para postar os desabafos dos descontentes.
            Situação perigosa porque desabafo entre quatro paredes não tem testemunhas e em confessionário tem a garantia do sigilo, assim, não deixa rastros. Mas o que se escreve, deixa. E, os jovens são iniciantes no que se refere a controlar a explosão dos seus sentimentos. Tudo o que passa pela cabeça deles deságua sem censura nos comentários escritos na internet, multiplicando-se e ganhando repercussão.
            Se o desejo era que a irmã Margarete tomasse conhecimento, eles foram bem-sucedidos porque aquilo que não disseram a ela face-a-face, porque o pudor e o respeito que aprenderam em casa desencorajou-os, eles escreveram, sem qualquer misericórdia. Como era de se esperar, tudo se espalhou aos quatro-ventos. Então, a irmã Margarete de “algoz” (segundo os alunos) se tornou vítima das agressões verbais e das calúnias dos alunos publicadas contra ela.
            Humilhada publicamente e exposta à situação vexatória das ofensas, a educadora cobrou na Justiça a reparação a que tinha direito. Os pais, já que os filhos são menores e não respondem ainda por seus atos, foram condenados a indenizar a vítima em R$ 18 mil por danos morais. 

Alôôôô!!!! Se liga....

            No tempo das cartas e dos bilhetes, quando os e-mails ainda estavam por nascer, os pais ensinavam aos filhos e filhas que tomassem cuidado com o que escrevessem em suas correspondências, pois a palavra escrita poderia depor contra eles e até difamá-los. Naquela época, há cerca de 20 anos, as famílias se preocupavam com os compromissos e promessas assumidos por escrito por seus filhos ou com os desejos romanescos extravasados que poderiam prejudicar-lhes a honra (em geral, a da filha). Mas escrever, dava trabalho. Primeiro a preocupação com os erros, com o “passar a limpo” o rascunho e depois, em envelopar, selar, botar nos correios. Ufa, uma mão-de-obra danada! 
            Como escrever ficou tão corriqueiro, acho que os pais esqueceram esse capítulo na educação dos filhos. Escreve-se a toda hora, abreviando-se para ser mais rápido e não quebrar a emoção que circula na troca de mensagens. 
            Nada de passar a limpo, de pensar duas vezes sobre o que se escreve. O barato é deixar a emoção nua, bruta e crua fluir... Agora, até se desmancha namoro em um curto e-mail. Sem olhar nos olhos do outro é fácil dizer, simplesmente, que “não estou mais afim” ou que “estou gostando de outro”, pois o que não “vejo”, não “participo”, não “sinto”.
        Que a dor do outro fique bem longe de mim. Tudo virtual, nada pessoal. Parece que, ocultas pelo monitor, as pessoas se sentem mais encorajadas, ousadas, sem compromisso, sem remorsos, sem culpas....
            Assim, a internet tornou-se pela agilidade, distância e eficiência um espaço de liberdade. Mas isso não significa que a internet seja um território sem lei, em que tudo possa ser dito, mostrado e veiculado sem responsabilidades.  Fique ligado, pois todo aquele prazer em se “vingar”, machucando, caluniando e ofendendo, pode se virar contra você...

Fonte:

Nenhum comentário:

Postar um comentário