CRP 08/08505
Uma preocupação constante na vida de pais e educadores se refere à autoestima de crianças e adolescentes. Sem dúvida, é um grande incômodo constatar que algumas crianças nem sempre são capazes de perceber as próprias qualidades, mesmo quando estas saltam aos olhos. Como se isso não bastasse, o senso comum, as revistas e os sites da Internet estão constantemente abordando esse conceito, bombardeando-nos a todo o momento com testes mágicos capazes de avaliar nossa autoestima, trazendo dicas maravilhosas que prometem aumentá-la e contribuindo para a saúde psicológica de nossas crianças e adolescentes.
É bem verdade que a autoestima, quando característica fortemente presente na estrutura interna de uma criança, é capaz de assegurar seu desenvolvimento saudável. Mas é necessário avaliar o que significa realmente essa palavrinha rodeada por uma mágica capaz de resolver todos os males da atualidade.
A autoestima se refere à capacidade de acreditarmos em nossas habilidades e potencialidades. É um elemento que se desenvolve na infância e depende de como e do quanto fomos valorizados pelas pessoas que amamos. Conhecer nosso valor depende de que alguém o aponte e nos estimule. Mas como se faz isso no dia-a-dia?
A criança pequena embasa seus comportamentos nas respostas que seus pais são capazes de lhe dar. Se ela passa horas desenhando e pintando, é muito provável que ela leve seu desenho ao pai e à mãe para que estes aprovem seu feito com toda a satisfação e alegria. É essa aprovação, marcada pelo olhar afetivo e o interesse espontâneo, que fará com que ela perceba que é capaz de realizar pequenas tarefas.
Mas muitos pais, na ânsia de criarem filhos perfeitos e capazes de contornar as dificuldades normais da vida, costumam exigir de uma criança um padrão muito alto de perfeição, quase impossível de ser alcançado, salvo com extremo esforço e ansiedade. A criança, em sua necessidade incondicional de agradar aos pais, luta para atingir esse ideal, mas, como seria de se esperar, frustra-se com frequência, restando a ela apenas a sensação de que nada do que faz é suficientemente adequado.
É por essa razão que pais e educadores devem estar constantemente atentos às capacidades de cada criança em suas respectivas fases de desenvolvimento. Em cada etapa de seu amadurecimento, a criança mostra-se capaz de superar determinados obstáculos, e isso deve ser obrigatoriamente estimulado por aqueles que a rodeiam. Esse estímulo não se resume à simples atitude de cumprimentá-la por seu esforço e conquista, mas envolve, principalmente, o olhar atento, o afeto demonstrado e o orgulho de enxergar no filho e no aluno um ser humano em desenvolvimento.
A vida é naturalmente repleta de dificuldades, e nós, adultos, sabemos que convém a uma criança aprender a superá-las, uma vez que não somos poderosos e eternos para impedir que a vida siga seu curso. A tarefa que nos cabe então é assegurar que crianças e adolescentes sintam-se capazes de confiar em si mesmos e de proteger o que é mais importante para eles — o valor e a certeza de quem são e do que podem superar.
Fonte: Portal Educacional
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