terça-feira, 14 de junho de 2011

we don’t need more education

  
             Nos anos 50, vislumbrava-se a revolução que viria na década seguinte.
             O rebolar de Elvis, os três acordes que compunham a maioria das músicas de rock, a poética e o comportamento beat desmataram a trilha para a manada que mudou o mundo, a da contracultura e revolução sexual.
             O mesmo parece ter ocorrido nos anos 90.
            O surgimento dos “browsers” [depois navegadores] popularizaram a internet, rede criada para manter cientistas e forças armadas conectadas 24 horas.
             Veio o boom do e-mail, sites de notícias e os primeiros passos dos sites de busca.
       O Yahoo começou com dois estudantes de Stanford, que foram capas de revistas por se associarem a Wall Street pela “fortuna” de US$ 10 milhões, quando ainda não tinham trocado a carteirinha de estudante por uma de trabalho.
             Depois, outros dois malucos de Stanford inventaram o Google.
             O e-mail passou a ser gratuito.
             O MSN possibilitava o papo distante e concomitante.
             Bill Gates assustava o mundo. Seria o anticristo?
             Pelos corredores das grandes empresas de comunicação, perguntavam onde era o abrigo para o apocalipse dos seus negócios.
            Os mais lúcidos sugeriam que o lance era se associar a esta gente que não usava terno e gravata e não frequentava as quadras de esporte.
            Ao mesmo tempo, os celulares ficavam menores, mais baratos e com aplicativos.  Fez história a palestra que Marluce Dias [então na cabeça das Organizações Globo] proferiu em Angra para os diretores da empresa, anunciando que o maior concorrente da TV passava a ser o celular.
       Acharam que a chefe estava delirando.
            A inflação da maioria dos países parecia sob controle.
            Os juros bancários despencavam.
            O mercado financeiro e os fundos bilionários precisavam de novas aplicações.
            Seria AOL ou Amazon o negócio do futuro? O Google?
            Um site brasileiro de buscas chegou a ser comprado por uma telefônica por R$ 300 milhões?
            Talvez a revolução digital fosse um delírio de “college guys”, atualmente apelidado como nerds, ou geeks.
            É uma ansiedade do mercado, uma roubada como o laserdisc (não tive um), o sistema Betamax (venceu o NTSC), o computador Dismac (eu tive um), o Second Life e tantas bugigangas tecnológicas que não decolaram?
            Eu e meu incrível Dismac, made in brazil

            Entramos no ano 2000 sem o bug do milênio e com a revolução ganhando forma.
            O controle da informação implodiu.
            A palavra de ordem foi: internet [conteúdo] nasceu para ter custo zero.
        Começou com o Napster, que em 2001 já tinha 8 milhões de piratinhas trocando músicas.
            A revolução recuou um passo e avançou dois.
            Músicas, filmes, fotos e livros estão na rede.
           Surgem Lime Wire, My Space, The Pirata Bay, UTorrent, 4Share, YouTube e uma infinidade de meios de troca de arquivos em paralelo ao Orkut e outras ferramentas chamadas de redes sociais.
         Lawrence Lessing em seu discurso na reunião do G8 mês passado foi além.          Um nerd com cara de bobo de Harvard e um algoritmo bem sacado enfeitiçou com seu FaceBook. Lembrou que, curiosamente, tudo nasceu no portão de entrada do sistema educacional, ou nas redondezas, não depois do baile de formatura.
            Tradução: as não empresas que estão desenhando o futuro, moleques solitários, jubilados, desistentes.
                O capital não gera novidades. Compra.
               O Skype embrulhou a telefonia mundial livre e ameaça empresas de telefonia; o         YouTube, emissoras de TV; o Netflix, operadoras de TV a cabo.
1. Netscape, o primeiro browse, foi criado por um desistente da faculdade.
2. Hotmail, por um imigrante indiano e vendido à Microsoft por US$ 400 milhões.
3. O ICQ, por um garoto israelense cujo pai tentou vender o programa à AOL por US$ 400 milhões.
4. O Google, por dois jovens que pularam fora de Stanford.
5. O Napster, por um desistente da faculdade.
6. O YouTube e o Yahoo, por dois alunos de Stanford quenão se formaram.
7. O Kazaa e o Skype, por jovens da Dinamarca e da Suécia.
8. O Facebook, a gente viu o filme.
9. O Twitter, inventado por outro que não esperou o diploma.
            Outra coisa em comum: a maioria foi criada por jovens que largaram os estudos ou não são norte-americanos.
            Hoje suas empresas valem mais do que toda a indústria automobilística.
            A inovação vem de fora.
            Prova de que a universidade [o Estado] não tem cumprido o seu papel.
            Ou que talvez não precisemos mais dela para desenvolver tecnologia digital.
         Pink Floyd tinha razão:
 We don’t need no education
         We don’t need no thought control

Fonte: Estadão.com/Blog Marcelo Rubens Paiva

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