terça-feira, 17 de julho de 2012

Ser filho hoje....

Maria Irene Maluf 
  Se nos detivermos no estudo da história das sociedades veremos que a forma das famílias lidarem com suas crianças ao longo dos séculos, ainda tem algo de muito similar com o que fazemos hoje. Em parte deve-se à fragilidade dos bebês da espécie humana nos seus primeiros anos e também à necessidade da criança ser preparada para a vida em sociedade. Assim, os aspectos como alimentação adequada, cuidados com sua higiene e saúde, a prevenção de acidentes, a socialização, encabeçam uma lista que seria feita tanto há centenas de anos como atualmente, pela família contemporânea.

  Assim, também existem diferenças gritantes e não só por conta da passagem do tempo, mas das mudanças dos costumes, da tradição de cada povo, da origem da cultura  e essas discrepâncias não se prendem apenas  à infância, mas ao período que se segue, o qual nós denominamos de adolescência, uma época em que se conflitam as características adultas com as infantis.

 Falarmos e compreendermos totalmente hoje sobre como tem sido a educação de crianças e sobre a infância na história é  tarefa complexa mesmo para os mais renomados historiadores, porque os documentos existentes foram sempre feitos pelos adultos. Mesmo no presente é difícil sabermos diretamente das crianças como vivenciam, como percebem sua vida e a si mesmos. Os relatos que os jovens e adultos traçam de suas próprias infâncias assim como da de seus parentes, sempre sofrem a interferência da memória, da visão pessoal, do que contaram outras pessoas e do tempo. Falta a observação direta do passado e mesmo na maioria das vezes isso ocorre também  no presente, dada a dificuldade de se observar todos os  aspectos que circunscrevem a vida da criança. Além do mais, há que se lembrar que o conceito de infância foi se alterando ao longo da história e a própria lembrança dos fatos vai se modificando ou se perdendo ao longo dos diferentes apontamentos.

  Como terá sido ser filho ao longo dos tempos? Terá sido muito diferente do que é hoje? Procurei conversar com pessoas de idades diversas e especialmente com pré-adolescentes para buscar uma resposta e fiquei surpresa com o que ouvi e li.  Constatei que para algumas coisas o tempo não trouxe alterações, ao menos nas últimas seis décadas e entre elas se destacou a necessidade que todos temos da atenção de nossas mães e de nossos pais. Parece que todo o tempo crianças, adolescentes e até adultos, estão na busca daquele olhar, no aguardo daquele colo, na vontade de escutar aquela voz tão familiar e confortadora de nossa mãe, principalmente.

  E aí veio a surpresa: em muitos relatos de adolescentes principalmente, encontrei frases que falam literalmente de como é difícil ser filho hoje, na era da informação, da tecnologia e da internet, pois estas, ao mesmo tempo que permitem que se converse com quem está distante a qualquer instante, também acabam ocupando os pais quando chegam na sua residência! E citam ocasiões em que estando a família toda em casa, trocam e-mails entre si para contar o dia e até as travessuras como as notas baixas, o estouro do cartão de crédito, o fim do namorico....
  Dá o que pensar, pois é inédito na história. Será mesmo por aí que devemos ir ou melhor seria,  por exemplo, voltarmos  a marcar o sagrado horário de jantar em família no qual podem sair atritos, mas todos recebem a atenção e o tempo do outro, off line?
Esse pode ser um bom assunto para nossa reflexão agora, antes do Dia das Mães. Até porque, nenhuma de nós, mães de filhos de todas as idades, vamos ficar felizes em receber apenas um e-mail, não é mesmo?

  A par disso, uma figura continua praticamente insubstituível: a mãe. Como esse papel terá mudado com o passar do tempo frente às sociedades em evolução?

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