sexta-feira, 29 de setembro de 2017

A DIFÍCIL TAREFA DE ESTABELECER REGRAS E LIMITES

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Por Andréia Schmidt, psicóloga 
Em julho de 2014, o País ficou mobilizado com o caso do garoto de 11 anosque teve um braço amputado em função do ataque de um tigre em um zoológico. A situação se tornou ainda mais insólita quando foram divulgadas imagens do menino, minutos antes do ataque, andando muito perto da jaula dos felinos em um local de acesso proibido ao público. O menino estava acompanhado pelo pai, que alegou ter chamado a atenção do filho ao vê-lo no local proibido, mas que não foi atendido pelo menino.
Impor limites é possível e necessário
Obviamente, não se trata de culpar o pai ou crucificá-lo pelo ocorrido. Não se pode dizer que houve, da parte do pai, intenção de ferir o garoto. O fato, porém, deve suscitar reflexões profundas nos adultos que têm crianças sob seus cuidados: quantas vezes pais e mães se esquivam de contrariar os filhos por “pena”, medo do confronto ou dificuldade de assumir seu papel de educar?
Essa situação é cada vez mais comum, em diferentes níveis de risco, mas com a mesma questão de fundo. Ocorre quando os pais permitem que seus filhos se alimentem de comida pouco saudável, mesmo que tenham problemas de saúde ou de peso, ou quando permitem que as crianças passem tempo demais na frente do computador, mesmo sabendo que isso interfere negativamente nas demais atividades.
Parece que os pais esqueceram que o prazer nem sempre é sinônimo de bem-estar (comer demais pode ser prazeroso, mas não é saudável) e que afrustração é fundamental para que se aprenda sobre os limites que a vida impõe a todos. O lugar do pai/mãe é diferente do lugar do amigo ou do “irmão mais velho”. A responsabilidade de educar e dar limites é intransferível.
Quando o adulto hesita em assumir seu papel, quem sai perdendo é a criança. Ela fica abandonada à própria sorte, corre riscos desnecessários e deixa de aprender valores e condutas importantes com as pessoas a quem mais ama e em quem mais deveria confiar: os próprios pais. É isso que se quer para o futuro das crianças?

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