Por Andréia Schmidt, psicóloga
Em julho de 2014, o País ficou mobilizado com o caso do garoto de 11 anosque
teve um braço amputado em função do ataque de um tigre em um zoológico.
A situação se tornou ainda mais insólita quando foram divulgadas
imagens do menino, minutos antes do ataque, andando muito perto da jaula
dos felinos em um local de acesso proibido ao público.
O menino estava acompanhado pelo pai, que alegou ter chamado a atenção
do filho ao vê-lo no local proibido, mas que não foi atendido pelo
menino.
Impor limites é possível e necessário
Obviamente, não se trata de culpar o pai ou
crucificá-lo pelo ocorrido. Não se pode dizer que houve, da parte do
pai, intenção de ferir o garoto. O fato, porém, deve suscitar reflexões
profundas nos adultos que têm crianças sob seus cuidados:
quantas vezes pais e mães se esquivam de contrariar os filhos por
“pena”, medo do confronto ou dificuldade de assumir seu papel de educar?
Essa
situação é cada vez mais comum, em diferentes níveis de risco, mas com a
mesma questão de fundo. Ocorre quando os pais permitem que seus filhos
se alimentem de comida pouco saudável, mesmo que tenham problemas de
saúde ou de peso, ou quando permitem que as crianças passem tempo demais
na frente do computador, mesmo sabendo que isso interfere negativamente
nas demais atividades.
Parece que os pais esqueceram que o prazer nem sempre é sinônimo de bem-estar (comer demais pode ser prazeroso, mas não é saudável) e que afrustração é fundamental para
que se aprenda sobre os limites que a vida impõe a todos. O lugar do
pai/mãe é diferente do lugar do amigo ou do “irmão mais velho”. A
responsabilidade de educar e dar limites é intransferível.
Quando
o adulto hesita em assumir seu papel, quem sai perdendo é a criança.
Ela fica abandonada à própria sorte, corre riscos desnecessários e deixa
de aprender valores e condutas importantes com as pessoas a quem mais
ama e em quem mais deveria confiar: os próprios pais. É isso que se quer
para o futuro das crianças?
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