'Educação não evoluiu para acompanhar
as necessidades do mundo ao seu redor'
07 de novembro de 2012 - 0h 18 - Jim G.
Lengel*
Para entender a
educação de hoje, nós precisamos olhar para o passado da história. Há 150 anos,
pessoas trabalhavam sobre a terra, ao ar livre, com ferramentas produzidas
manualmente e em pequenos grupos. Elas não viajavam muito. O trabalho quase não
mudava de geração para geração. Filhas faziam o mesmo trabalho de suas mães e
de suas avós e suas mães antes delas. Com as mesmas ferramentas. Elas
conversavam enquanto trabalhavam. O mesmo valia para os filhos e pais e avôs.
Grupos de trabalho incluíam jovens e velhos. A tecnologia para o trabalho
mudava lentamente. Quando as ferramentas quebravam, as pessoas podiam
consertá-las. Podemos chamar isso de Ambiente de Trabalho 1.0.
Agora,
vamos olhar para as escolas daquela época. Os estudantes aprendiam na terra, ao
ar livre, em pequenos grupos. Eles não viajavam muito. Usavam simples
ferramentas produzidas manualmente. O trabalho em grupo incluía jovens e
velhos. Pais e avós frequentavam a mesma escola e aprendiam as mesmas coisas.
Nós podemos chamar isso de Educação 1.0.
Educação
e trabalho se correspondiam. A escola produzia os tipos de cidadãos necessários
para o mundo ao seu redor. Alguém que pudesse trabalhar em um pequeno grupo,
com ferramentas manuais, executando uma variedade de tarefas a cada dia, com
uma visão clara do mundo exterior, e um pequeno círculo de conexões.
Quinze
anos depois, o trabalho mudou. As pessoas foram trabalhar em fábricas, com
ferramentas mecânicas. Elas trabalhavam em grandes grupos, mas sozinhas em suas
máquinas. Todos faziam a mesma coisa e ao mesmo tempo, durante todo o dia. Eles
não podiam conversar. Usavam papel e lápis e ficavam sentados em suas mesas.
Eles não eram felizes e eram supervisionados de perto. Vamos chamar isso de
Ambiente de Trabalho 2.0. Esse novo trabalho exigia um novo conjunto de
habilidades e um novo tipo de cidadão.
E
então as escolas mudaram para acompanhar as necessidades da nova economia
industrial. Estudantes se formavam em grandes grupos, com a mesma idade. Eles
ficavam em lugares fechados e trabalhavam de acordo com o relógio. Usavam
ferramentas mecânicas, lápis e papel. Todos faziam a mesma coisa e ao mesmo
tempo e eram supervisionados de perto. Vamos chamar isso de Educação 2.0.
Novamente,
educação correspondia a trabalho. Em ambos os locais as pessoas trabalhavam
sozinhas, mas em grandes grupos. Elas usavam ferramentas mecânicas, faziam a
mesma coisa durante todo o dia, e tinham uma pequena conexão com o mundo
exterior.
Agora,
vamos olhar para o trabalho de hoje, no ambiente 3.0, muito diferente das fábricas.
A maioria das pessoas, atualmente, trabalha em pequenos grupos. Elas resolvem
problemas juntas. Usam ferramentas digitais. Elas apresentam novas ideias para
o outro. Robôs fazem trabalhos mecânicos. Elas trabalham com problemas que
ninguém tinha visto antes. Elas devem recorrer à química, matemática, biologia,
história e literatura para solucionar problemas. Elas devem reunir informações
de várias fontes, a maior parte na rede de relacionamentos, chegando a muitos
formatos diferentes. Elas devem ser multitarefas. Elas conversam umas com as
outras. E usam ferramentas digitais para comunicação. Trabalham com um amplo
círculo de pessoas, de todo o mundo. Vamos chamar isso de Ambiente de Trabalho
3.0.
Agora,
vamos levar a nossa câmera para dentro das escolas de hoje em dia para ver se a
educação mudou para encontrar a nova economia. O que nós vemos? Estudantes em
grandes grupos, utilizando papel e lápis como ferramentas. Todos eles fazendo a
mesma coisa e ao mesmo tempo. Eles aproveitam as poucas conexões com o mundo
exterior. E são supervisionados de perto. Eles fazem as mesmas coisas durante
todo o dia. Não conversam entre si. Não são felizes. O que está errado?
A
educação não evoluiu para acompanhar as necessidades do mundo ao seu redor. Os
trabalhos de hoje em dia demandam pessoas que possam trabalhar em pequenos
grupos para resolverem problemas, utilizando ferramentas digitais, preparados
para realizar muitas diferentes tarefas durante o dia, sem supervisão próxima,
e com um vasto círculo de conexões. As escolas não estão fazendo isso. Elas não
inventaram a Educação 3.0. Ainda estão fazendo a Educação 2.0.
A
questão de hoje para nós é: “Como deve ser a Educação 3.0 para desenvolvermos
crianças e cidadãos que necessitamos formar para hoje e para amanhã?”. Qual é o
seu sonho de Educação 3.0?
* JIM G.
LENGEL É PROFESSOR NO HUNTHER COLLEGE, NA UNIVERSIDADE DE NOVA YORK. GRADUOU-SE
EM HARVARD E TRABALHOU EM ORGANIZAÇÕES LIGADAS AO SETOR ACADÊMICO POR 38 ANOS.
É AUTOR DO LIVRO 'EDUCAÇÃO 3.0'. MINISTRARÁ PALESTRA DURANTE O 11º CONGRESSO
BRASILEIRO DE GESTÃO EDUCACIONAL E 3º CONGRESSO INTERNACIONAL DE GESTÃO
EDUCACIONAL, EVENTO MARCADO PARA OS DIAS 20, 21 E 22 DE MARÇO DE 2013 EM SÃO
PAULO.
Fonte: Estadão.com.br/Educação
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