sábado, 5 de janeiro de 2013

Jogos e brincadeiras


    Nesta página, você confere tudo sobre o brincar e como utilizar as brincadeiras na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. Reportagens, vídeos, entrevistas com os melhores especialistas, jogos online e planos de aula fazem parte deste guia. 
    Boa diversão!

EDUCAÇÃO INFANTIL

ENSINO FUNDAMENTAL

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O perfil do bom professor


Especialistas em formação docente destacam as principais características de um bom docente.
Cursar uma boa faculdade basta para ser um bom professor? Como fazer uso de todas as metodologias e conteúdos aprendidos? Como conseguir se aproximar dos alunos? Como ensinar e ter certeza de que as crianças aprenderam?
Todas essas questões incomodam (ou deveriam incomodar) o dia a dia dos cerca de 2 milhões de professores brasileiros. E também deveriam estar presentes na reflexão dos estudantes de Pedagogia e das licenciaturas, os futuros docentes.
Nesta reportagem, o Todos Pela Educação ouviu especialistas em formação docente na tentativa de detectar quais são as principais qualidades necessárias a um docente de Educação Básica.

Didática
Saber o que ensinar é um dos fundamentos da profissão de um bom docente. O conhecimento do currículo e do projeto pedagógico da escola, bem como dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e das Diretrizes Curriculares Nacionais, são necessários para dar uma boa aula. “O domínio pleno do conteúdo a ser transmitido mostra que o professor tem competência na área na qual se formou”, explica Célio da Cunha, professor adjunto na Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB).
Sabe como ensinar é igualmente importante. Se o professor não conhecer as diferentes estratégias e metodologias de ensino, de nada adianta dominar a teoria. De acordo com os especialistas, desenvolver estratégias para facilitar a aprendizagem, assim como ter profundo conhecimento de como ocorre o desenvolvimento cognitivo das crianças, fazem parte das ações dos bons professores.
“O docente deve saber criar oportunidades para o aluno aprender com todas as ferramentas de ensino, sejam velhas ou novas”, afirma Anna Helena Altenfelder, superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).
Os especialistas ressaltam que o conhecimento do conteúdo e das metodologias de ensino está diretamente ligado a uma formação inicial sólida. “Com uma boa formação, o professor aprende a combinar teoria e prática. Isso significa que ele dominou os conteúdos e sabe como funciona o processo de aprendizagem dos alunos”, explica Denis Mizne, diretor executivo da Fundação Lemman.
As novas tecnologias, por exemplo, só fazem sentido se o professor sabe aonde quer chegar e sabe que determinados conteúdos curriculares podem ter sua aprendizagem facilitada por meio do uso desse ou daquele recurso digital. “O bom professor guia os alunos no universo das tecnologias, utilizando diferentes recursos em sala de aula e garantindo que sua exposição faça sentido aos estudantes”, completa Mizne.

Formação continuada
Para ser professor, não basta gostar de ensinar. Tem que gostar também de aprender – ou seja, de estar sempre atualizado em relação às mais recentes pesquisas sobre como se dá a aprendizagem das crianças e, consequentemente, como ensiná-las da melhor forma. “Um bom professor vai atrás de referenciais que fundamentem seu trabalho. Ele tem que saber estudar”, afirma Cisele Ortiz, coordenadora adjunta do Instituto Avisa Lá.
Estando antenado, o docente conseguirá avaliar seu próprio modo de lecionar. “Uma das características de um bom professor é justamente analisar sua prática de modo crítico”, destaca a doutora em Educação Lisbeth Cordani.

Compromisso com a aprendizagem
Administrar todos e cada um dos alunos de uma mesma turma mostra que o professor tem comprometimento com aprendizado da criança. “O docente deve saber que é direito da criança ter acesso à Educação de qualidade. Isso está na base de tudo – inclusive de seu trabalho”, diz Luciana França Leme, pedagoga e pesquisadora em Educação da Universidade de São Paulo (USP).
É preciso compreender a diversidade presente na sala de aula por meio de uma visão humana dos diferentes perfis de estudante. “Reconhecer e respeitar as diferenças sociais, culturais, étnicas e raciais é muito importante. Existem grupos de crianças historicamente excluídas que estão no sistema de ensino agora – e a escola, por excelência, é onde todos as diferenças se encontram”, define Elba de Sá Barreto, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas.
Demonstrar interesse por ouvir os alunos ajuda a ganhar a confiança deles além criar vínculos. “Gostar de crianças e adolescentes é gostar dos alunos. É preciso gostar do sujeito”, afirma Carlos Artexes Simões, professor do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ).

Formação cultural
O bom professor também deve estar sempre atualizado, informado e interessado, buscando cultura e novos conhecimentos. “É aquilo a que chamamos de visão de mundo. O docente deve ser um sujeito engajado na sua realidade, com uma postura crítica e de vontade de conhecer cada vez mais os bens culturais disponíveis”, sintetiza Ricardo Martins, consultor legislativo da Câmara dos Deputados na área de Educação.
“Entender o valor do conhecimento na vida de todos nós é essencial, nos transforma – e isso ninguém tira da gente”, afirma Regina Scarpa, consultora pedagógica da Fundação Victor Civita. “Ser professor, portanto, é desempenhar uma função social, de muita responsabilidade.”
Conhecer o território, o que inclui compreender o perfil da comunidade do entorno da escola também é importante para lidar com os estudantes que a frequentam. “Um olhar focado, atento e sem preconceitos para a realidade que cerca a unidade de ensino ajuda o docente a saber quais as melhores estratégias para lecionar para esses alunos”, afirma Anna Helena Altenfelder, do Cenpec.

Gestão
Um docente comprometido com seu trabalho também tem uma visão ampla de como funciona o sistema de ensino. “O professor deve ter conhecimento de como a sua escola se insere nesse sistema justamente para saber quais demandas a unidade de ensino deve atender”, destaca Elba de Sá Barreto, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas. “Ele não pode ser considerado um assistente social, mas também não deve estar indiferente a certas necessidades básicas e condições de vida das crianças – mesmo porque tudo isso impacta no aprendizado.”
Saber trabalhar em equipe também aparece como um aspecto relevante no trabalho do professor, o que inclui estabelecer parcerias com outros professores, coordenadores e com o diretor. “Mas isso também vale para a relação com os alunos, já que o docente deve saber trabalhar com o coletivo de crianças e adolescentes todos os dias”, ressalta Gisela Wajskop, diretora geral acadêmica do Instituto Singularidades.

Avaliação
Saber usar e lidar com avaliações de diferentes tipos é imprescindível, são “termômetros” do aprendizado da turma. Os especialistas destacam que o bom professor deve saber quais as melhores ferramentas para analisar o desempenho de sua turma tanto interna quanto externamente, o que inclui saber ler e utilizar os dados das avaliações em larga escala como a Provinha e a Prova Brasil.
“O professor deve saber articular esses dados, fazendo as informações que ele tem de sua turma conversarem com aquelas que as provas externas revelam”, explica Luciana França Leme, pedagoga da USP. “Isso serve até para ele fazer sua autoavaliação.”

Fonte: Portal Todos Pela Educação 

Reflexão


O que sobrou da sala de aula 

Reflexão para um tempo de altas apostas na educação: a praga do economismo não distingue uma escola de uma fábrica de pregos. 

30 de dezembro de 2012 - 2h 06 - José de Souza Martins* - O Estado de S. Paulo 

Já foi o tempo em que a educação fazia parte do cardápio de otimismos que se costuma apresentar nas passagens de ano. No último meio século, a educação pública e gratuita, que garantira a formação de grandes nomes e grandes competências nas várias profissões, que assegurara o grande salto da sociedade escravista à sociedade moderna, foi progressivamente diminuída e até injustamente satanizada em nome de interesses que não são os do bem comum.
O estado de anomia em que se encontra a educação brasileira pede, sem dúvida, a reflexão crítica dos especialistas, mas uma crítica que a situe na trama própria de tendências problemáticas da modernidade sem rumo para que seja compreendida e superada.
A educação brasileira foi atacada por três pragas que subverteram a precedência do propriamente educativo na função da escola e do processo educacional: o economismo, o corporativismo e o populismo. O economismo na educação não distingue entre uma escola e uma fábrica de pregos. A pedagogia do economismo confunde aluno com produto e trata a educação e o educador na perspectiva da produtividade, da coisa sem vida, da linha de produção.
Importam as quantidades da relação custo-benefício. Não importa se da escola não sai a pessoa propriamente formada, transformada. Importam os números, os índices, os cifrões.
Presenciei os efeitos dessa mentalidade na apresentação de um grupo de militantes da causa das cotas raciais perante o conselho universitário de uma das três universidades públicas de São Paulo, de que sou membro. Aliás, nenhum deles propriamente negro: "Não queremos vagas em qualquer curso; queremos em engenharia e medicina, cursos que dão dinheiro", frisaram.
Quer o governo que os royalties do pré-sal sejam destinados à educação e nem temos certeza de que isso acontecerá. Os políticos têm outras prioridades, especialmente a das urnas. Já estamos gastando o dinheiro que ainda não saiu do fundo do mar. Mas não sabemos em que esse dinheiro fará o milagre de transformar, expandir e melhorar a educação brasileira e de elevar substancialmente o nível da formação cultural das novas gerações.
Dinheiro não educa. Quem educa, ainda hoje, é o educador. É inútil ter máquinas, computadores, tecnologia, maravilhas eletrônicas na sala de aula se, por trás de tudo isso, não houver um educador. Se não houver aquele ser humano especializado que faz a ligação dinâmica entre as possibilidades biográficas do educando e os valores e requisitos de um projeto de nação, a nossa comunidade de destino. Se não houver, sobretudo, a interação viva entre quem educa e quem é educado, se não houver a recíproca construção de quem ensina e de quem aprende. Se não houver a poesia deste verso de Vinicius de Moraes: "E um fato novo se viu que a todos admirava: o que o operário dizia, outro operário escutava".
O corporativismo transformou o professor de educador em militante de causa própria porque a serviço da particularidade da classe social e não a serviço da universalidade do homem. Não há dúvida de que o salário que valorize devidamente o educador e a educação é uma das premissas da revolução educacional de que carecemos. Do povoado do sertão ao câmpus universitário da metrópole, o educador tem carências que não são as carências do Fome Zero. Educação não é farinha de mandioca. "Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê", dizia Monteiro Lobato, em relação a um item da cesta básica do educador. Fome de educador não é fome de demagogo nem pode ser. Privá-lo dos meios para se educar, reeducar e poder educar é desnutri-lo.
A partidarização de todos os âmbitos da sociedade brasileira, até da religião, levou para dentro da educação os pressupostos da luta de classes. O militante destruiu o educador, drenou da educação a seiva vital que lhe é necessária para ser instrumento de socialização, de renovação e de criação social. A educação só o é na perspectiva dos valores da universalidade do homem, como instrumento de humanização e não como instrumento de segregação e de polarização ideológica, instrumento do que separa e não instrumento do que junta. Na escola, a ideologia desconstrói a escola em nome do que a escola não é.
O populismo, por sua vez, transformou a educação em meio de barganha política, instrumento de dominação, falsificação de direitos em nome de privilégios. O direito que nega a universalidade do homem nega-se como direito. Pela orientação populista, o importante não é que saiam da escola alunos bem formados, capazes de superações, gente a serviço do País. Nas limitações desse horizonte, o importante é que da escola saiam votos, obediências, o ser carneiril das sujeições, e não o cidadão das decisões.
A escola vem sendo derrotada todos os dias, do jardim da infância à universidade, pela educação difusa e extraescolar dos poderosos meios de produção e difusão do conhecimento que já não estão nas mãos do educador. A escola é cada vez mais resíduo de poderes e vontades que estão longe da sala de aula. 

* JOSÉ DE SOUZA MARTINS É SOCIÓLOGO, PROFESSOR EMÉRITO DA USP, AUTOR DE A POLÍTICA DO BRASIL: LÚMPEN E MÍSTICO (CONTEXTO) 

Fonte: O Estado de S. Paulo